01 março 2024

O HINO QUE NINGUÉM CANTA E POUCOS O SABEM

 O HINO QUE NINGUÉM CANTA

E POUCOS O SABEM




O Futebol Clube de Penafiel, fundado em 1951, como todos os clubes, também tem o seu hino, escrito pelo Sr. Afonso Costa de Sousa, que chegou a ser massagista e cobrador do clube.

 


Acontece que ninguém lhe colou uma música capaz de entusiasmar os apoiantes do clube a entoá-lo a pleno pulmões nas bancadas do Estádio 25 de Abril.




Aqui fica a letra do hino que ninguém canta, e poucos o sabem

Hino do Futebol Clube de Penafiel


Suas cores preto e vermelho

Em sua beleza espelha

a nossa grande afeição

Que brota do coração


Na águia de distintivo

Mostra seu valor altivo

Como símbolo de bairrista

Da nossa fé clubista


É sempre com lutas leais

Que contra os nossos rivais

Enquanto o jogo durar

Nós os vamos derrotar


Pois nos levando à vitória

Fica na nossa história

Para toda a gente ver

Só a morte nos vai vencer


Refrão:

Com a força dos pulmões

Cantamos sempre canções

P'ra nos levar à vitória

E assim fica gravado

O seu brilhante passado

Nos anais da sua história.

 

 

Mas em contra partida, em 1990, José João, grava em cassete o Hino a Penafiel, com letra do Professor Albano Morais e cantado em estilo de marcha. Este pelo menos é mais trauteado cá no burgo, talvez porque foi vestido com música, embora tivesse sido feita quando o clube militava na 1.ª Divisão Nacional de futebol, cada vez é mais difícil o F. C. de Penafiel ser grande entre os maiores, como reza o refrão.





Hino a Penafiel


Desperta o sol na cidade

Quatro aviou e glória

Passa alegre a mocidade

Mais um jogo, uma vitória

Ao vento bem desfraldada

Preta e rubra tremular

A bandeira empunhada

É Penafiel a liderar


Penafiel, naif alegre e linda

Penafiel, brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a seres grande entre os maiores


Penafiel, naif alegre e linda

Penafiel, brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a seres grande entre os maiores


Bate em nosso coração

O desejo altaneiro

De tu seres o campeão

De vires a ser o primeiro

Com brio, amor e com garra

Teremos de novo tesouro

De ver o nome e a vitória

Escrito com letras de ouro


Penafiel naif alegre e linda

Penafiel brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a grande entre os maiores


Penafiel, naif alegre e linda

Penafiel, brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a ser grande entre os maiores


Nasce em nós uma esperança

Toda orgulho e amor

De quando a vitória se alcança

Com saber e pundonor

P'ra vencer os dentes serram

No desejo mais profundo

Se assim honrares a terra

Que é a mais linda do mundo


Penafiel, naif alegre e linda

Penafiel, brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a seres grande entre os maiores


Penafiel, naif alegre e linda

Penafiel, brilhem sempre as tuas cores

Voltarás na vontade que não finda

Penafiel, a seres grande entre os maiores

 

 

E pronto, toca a trautear, juntando a sua voz à do amigo José João, em estilo caraoque.

 

https://www.youtube.com/watch?v=d05lJU73UQw

 

Fernando Oliveira – Furriel de Junho

01 fevereiro 2024

HABILIDADES E HABILIDOSOS

 

HABILIDADES E HABILIDOSOS

 



No antigamente volta e meia apareciam na urbe, pessoas a exibirem as suas habilidades, para ganharem através disso, o pão nosso de cada dia.




Esta arte de ganhar a vida, já vem de muito longe, estou-me a lembrar da escalada da igreja das Freiras em 1927, pela acrobata portuguesa que embora trajada de homem, dava pelo nome de Lita, perante numerosa assistência.




Nos anos 60 do século passado montado no seu monociclo de grande altura, seguido de perto por muitos miúdos, lá percorreu a cidade o homem trajando de cozinheiro fazendo reclame à Nestlé, enquanto o seu ajudante que se deslocava a pé, apregoava os caldos Maggi da mesma empresa.




Os equilibristas também faziam parte com a sua agilidade e destreza equilibrando na testa o alguidar, ou com a boca uns poucos de copos e outros objectos, assim como apareceram mais tarde os irmãos Avelinos que no Largo Conde de Torres Novas, com uma vara nas mãos deslizavam sobre o arame.




Isto para além do teatro de rua que alegrava a miudagem com a barraca dos Robertos.




Num S. Martinho apareceu numa daquelas barracas com espelhos que nos fazem barrigudos, elegantes, altos e baixos, só que naquele ano a atração era Gabriel Estêvão Monjane, também conhecido por Gigante de Manjacaze e considerado o homem mais alto do mundo, proveniente de Gaza (não da Palestina), mas sim da província ultramarina de Moçambique (hoje país independente) para exibir as suas caraterísticas físicas, vindo a contracenar com o penafidelense Jacinto, o homem mais pequeno do mundo. Gabriel era exibido pelo País como coisa rara e insólita, tendo viajado por todo o mundo. Na foto vemos com ele um anão e o nosso Jacinto.




Também era muito comum, nas feiras anuais, aparecerem em qualquer esquina, um ceguinho agarrado ao seu acordeão tocando uma peça musical por vezes cantarolada, enquanto a sua parceira ou filha faziam o peditório entre a assistência ou quem passava na rua, vendendo ao mesmo tempo, folhas com as letras das canções da moda, para as pessoas levarem para casa para as trautearem.




E para a música ser completa, só faltava mesmo o homem dos sete instrumentos (Elias Rodrigues), com o seu chapéu de palha alusivo à sua ilha da Madeira. Com as mãos, os pés e a boca lá ia tocando peças musicais, umas atrás das outras, pois sozinho fazia a festa.




Agora em pleno século XXI, embora esta praga já venha do último terço do século passado, entram em cena os habilidosos. Estes não fazem nenhuma habilidade, apenas exibem o cartão da tribo.




Através desse compadrio, lá vão arranjando tachos por tudo quanto é lado, por vezes sem o mínimo de competência para o exercer, chegando ao ponto de a Bandeira Nacional, já ter sido içada de pernas para o ar. 

 


Esta gente vai andar em acção neste mês de Fevereiro, prometendo bacalhau a pataco, e tudo e mais alguma coisa a todos, ficando por magia todos bem na vida.


Uns prometem Portugal Inteiro, quando o país foi vendido ao retalho e a preço de saldos, estando já apalavrada a TAP para ir voar para outras mãos e pelo que consta, a Efacec seguirá a mesma rota.


Outros apregoam que vai surgir um novo detergente muito mais poderoso do que o “OMO lava mais branco”, comprometendo-se a Limpar Portugal de lés a lés, jurando a pés juntos, que Chega uma simples gota para tal acontecer.


O avançado Montenegrino, reforço de inverno da equipa tri-color, que vai fazer parte do novo trio atacante, para além de ser bom executante de cabeça, embora marcando muitos golos em fora de jogo, o seu forte mesmo é a finta ao fisco.


Outros querem resolver o problema da habitação, que se tornou um bico de obra, e como tal não está fácil de resolver, pois pelos vistos são precisos muitos mais blocos, cada vez mais difícil de os arranjar, mas esta gente tem fibra e diz com toda a confiança do mundo: “Não Desistimos”.


E os animais que querem PAN em todas as gamelas, tanto na Madeira como no resto do país. Para isso estão dispostos a piscar o olho à esquerda e à direita, consoante nos dê mais jeito na altura.


Apareceu uma febre liberal para privatizar tudo e mais alguma coisa, desde o SNS, a educação, e por sua iniciativa até a TAP já tinha desaparecido. Não gostam de Abril, mas adoram Novembro, quando os militares regressaram aos quartéis e os partidos tomaram o poder.


Anda por aí Livre em rodopio constante, dando voltas e mais voltas mais parecendo os anéis de Saturno só que desta vez à volta do poder, como se de um satélite se tratasse.


Os vermelhos continuam firmes na sua trincheira, fazendo fogo cruzado, e são os únicos que ainda não foram ao beija-mão a Kiev, por isso segundo as sondagens (que valem o que valem, ou seja zero), vão levar tau-tau nas próximas eleições.




Mas se pensam que esta gente se não entende, enganem-se. Vejam só este exemplo antes do fecho na Assembleia da República, em Janeiro de 2024, enquanto o povo anda a esticar os seus euros para chegarem até ao final do mês, eles (os partidos), tratam da sua vidinha.


Assim, os deputados aprovaram um alargamento das suas ajudas de custo na última sessão antes da dissolução da Assembleia da República. Estas ajudas entram em vigor em 2025, mas tem retroativos até Agosto de 2023. Vamos lá saber quem apresentou tal proposta aceite por unanimidade. A proposta foi assinada por Pedro Delgado Alves (PS), Hugo Carneiro (PSD), Bruno Nunes (Chega), Patrícia Gilvaz (IL), Alma Rivera (PCP), Pedro Filipe Soares (BE), Rui Tavares (Livre) e Inês Sousa Real (PAN).


E com tanta promessa que vai sair da boca destes partidos e mais alguns que por aí andam, e porque o vírus da mentira, vai andar à solta... Vacinem-se!

 




Caso contrário, caminhamos todos para o poço da morte.


Fernando Oliveira – Furriel de Junho

01 janeiro 2024

ESCOLA PREPARATÓRIA PAIO RAMIRES

ESCOLA PREPARATÓRIA

PAIO RAMIRES


Prédio onde funcionou a Escola Paio Ramires

Através do Decreto-Lei n.º 48 541, de 23 de Agosto de 1968, no tocante à criação de escolas preparatórias do ensino secundário.


Na escolha dos patronos das escolas tiveram-se em consideração em princípio, as sugestões feitas pelas autoridades locais, que se consultaram para o efeito.


Quando os penafidelenses esperavam pelo nome de Egas Moniz, eis que no Diário do Governo de 9 de Setembro de 1968, vem atribuído o nome de Paio Ramires.


Quem era Paio Ramires?


Paio Ramires foi um Rico-homem e cavaleiro medieval português.

 

Foi Mestre do Templo e cavaleiro nobre do Condado Portucalense, deu apoio a D. Afonso Henriques na rebelião deste contra a  sua mãe, D. Teresa, Infanta de Leão, em 1128. Recebeu deste rei em 1132 o Couto de Cambeses, actual freguesia de Cambeses em Barcelos. Como vemos Paio Ramires nada tem a ver com Penafiel, só se compreendendo tal nome atribuído por um erro de geografia, para os lados do Ministério da Educação, instalado na capital.

 




Como estávamos num tempo em que não era permitidos a mistura de sexos nas salas de aula, a Escola Paio Ramires funcionava em dois edifícios distintos. A dos rapazes na Av. Sacadura Cabral, no 1.º andar do antigo edifício do Hotel Avenida, tendo no seu rés-do-chão o Banco Nacional Ultramarino e a Sapataria Manuel do Carmo, enquanto a das meninas situava-se na Rua do Paço, mesmo em frente da Livraria Reis.


Escola Paio Ramires  na Rua do Paço

O seu director era o Padre Arnaldo Teixeira, e a desobriga Pascal destes alunos se realizava na Igreja Matriz de Penafiel.




Com o fim do 1.º Ciclo Liceal e do Ciclo Preparatório do Ensino Técnico, para os substituir, foi criada já na cidade de Penafiel a Escola Preparatória de Paio Ramires.




Neste seu primeiro ano lectivo de 1968 - 69 englobou já 154 alunos, o que representa número magnífico para começar.


Findo estes dois anos lectivos com aproveitamento, os alunos podiam escolher entre o ensino técnico ou liceal.




No ano do bicentenário da cidade de Penafiel 1970, no Dia de Portugal, 10 de Junho, neste ano também chamado de Dia da Juventude Académica, que começou com uma missa na Igreja Matriz de Penafiel. 

No final da mesma, alunos da Mocidade Portuguesa desfilaram até ao Monumento dos Mortos da Grande Guerra situado na Praça Municipal. Ali já os esperavam o senhor Presidente da Câmara, Dr. Manuel Alves Moreira, Vice-reitor do Liceu, Director da Escola Industrial, Professores e alunos.



O Padre Arnaldo Leite Teixeira, director da Escola Preparatória Paio Ramires, fez uma vibrante alocução incentivando os jovens ao exemplo que nos foi dado por todos quantos em defesa da Pátria tombaram mas que vivem perenemente na nossa memória. 

No final foi descerrada uma placa alusiva na base do monumento.

 


Apesar de curta duração da Escola Preparatória Paio Ramires (10 anos),  tenho a certeza que este texto vai avivar memórias a todos e a todas que por lá passaram.

Quatro anos depois do Golpe Militar do 25 de Abril de 1974, através do Decreto-lei 80/78, promulgado em 14 de Abril de 1978, foi extinguida a Escola Industrial e Comercial de Penafiel, juntamente com o Liceu Nacional de Penafiel e a Escola Preparatória Paio Ramires, para dar origem à Escola Secundária de Penafiel.

Hoje o ensino não sei se está melhor ou pior do que antigamente, mas uma coisa eu sei, está diferente, com os professores na rua a exigirem mais RESPEIT€.

 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho


01 dezembro 2023

COISAS DO NATAL

OU TALVEZ NÃO




Como estamos em Dezembro lembrei-me de trazer ao meu blogue “Penafiel Terra Nossa, coisas mais ou menos ligadas ao Natal ou talvez não, do século passado.

Vou começar por falar de uma espécie de peditório que aparecia na cidade de Penafiel nos anos 50 para auxiliar os mais pobres.


O Farrapeiro





Mais ou menos a meio do mês de Dezembro, as Conferência Vicentina desta cidade de Penafiel, em colaboração com a Comissão Municipal de Assistência promoviam o cortejo do Farrapeiro de S. Vicente de Paulo.


No ano de 1954, esse cortejo teve lugar no dia 17 de Dezembro. Pelas nove horas e meia, apareceu no alto da cidade uma furgoneta com instalação sonora montada pela firma Electo Bazar Penafidelense de Fernando Baptista, logo seguido de uma camioneta cedida pela firma Albano & Miguel rodeada de vicentinos com suas braçadeiras. Quero deixar aqui bem claro que tanto a instalação sonora como a camioneta eram cedidas gratuitamente.


E lá percorriam as ruas da cidade na recolha de bens e donativos para distribuírem pelos mais desfavorecidos.


O Presépio




O que dantes era feito pelo meu Pai-Natal, hoje cabe-me a mim ir buscar a caixa de papelão com as figuras de barro para colocar no presépio. Para além da Sagrada Família, lá estão os músicos, as casinhas, os três Reis Magos, o anjo. o pastor com as suas ovelhas, o moinho, etc.


Nesse tempo. a Igreja da Misericórdia era a que tinha o melhor presépio.


Padre Augusto Cardoso de Barros "O Sr. Reitor"


Na missa das onze rezada pelo Sr. Reitor sempre repleta de crentes, que no final iam beijar o Menino Jesus que o padre Augusto Cardoso de Barros segurava nas mãos e o ia dando a beijar a todos.

Enquanto isso, o grupo coral ia entoando:


Vinde, vinde já ó almas

adorar o Deus Menino

Despido de amor profano

E cheio de amor divino.


Vinde, vereis na lapinha

Sobre palhas encostado

Aquele Deus nas alturas

Por nosso amor humanado.


Vinde já, vinde com pressa

Há lapinha de Belém

P’ra ver como Deus Menino

Nasceu para nosso bem.


Oh! Quem se não admira

De ver tão grande humildade

Vir unir-se ao nosso barro

A Divina majestade.


Lançai-me meu Deus Menino

A vossa bênção sagrada

E peço-vos que a minh’alma

Seja só vossa morada.


Entre cada quadra entoávamos o refrão:


Corramos depressa

Nós míseros mortais

Cantar ao Menino

Bendito sejais.




O Bolo-Rei




Este bolo tão típico do Natal, que naquele tempo apenas aparecia nesta quadra, hoje em qualquer confeitaria ou padaria o fabrica durante todo o ano, talvez para fazer jus aos versos de Ary dos Santos que dizem que:

Natal é em Dezembro

mas em Maio pode ser

Natal é em Setembro

é quando um homem quiser


Por isso foi um bolo que deixou de ter aquele encanto natalício. Nos longínquos anos 50 ninguém concebia tal iguaria na cidade de Penafiel, e apenas duas marcas de bolo-rei se podiam adquirir na urbe. Uma era o Bolo-Rei da confeitaria Costa Moreira, vindo do Porto e era vendido na mercearia Pedro e o outro vindo de Valongo da casa Paupério que se comercializava no Café Capri.


Este bolo continha no seu interior um brinde que a quem saísse a fatia com o mesmo ficava contente e uma fava que a quem tivesse o azar de a ter, era penalizado com o pagamento do próximo Bolo-Rei, que neste caso seria para a passagem do ano.


Só por curiosidade, a quando da implantação da República, a Paupério baptizou por alguns anos o Bolo-Rei de Bolo Presidente, com medo que os republicanos não gostassem do nome do produto e não o comprassem.




Talvez muitos penafidelenses não saibam que em 1933, na Av. Sacadura Cabral existia a Padaria Lino que fabricava todas as qualidades de pão, bolachas, biscoitos, tostas e sêmea, sendo seu proprietário Lino de Sousa Paupério, que encerra as suas portas em 1934 e ruma até Valongo (onde hoje o seu nome faz parte da toponímia), para se juntar ao projecto familiar Paupério.


Devido à sua simpatia, honestidade, qualidades de carácter e coração, granjeou um leque de amigos penafidelenses, que resolveram-no presentear com um jantar de despedida no sábado, 28 de Julho de 1934, na Pensão Morais.


Iniciou os brindes o sr. José Ferreira Viana Júnior, seguindo-se-lhe o sr. Belmiro Nogueira Xavier, Rodrigo Veiga, Carlos Alves, Domingos Vilela, Albano Borges, Gaspar Moreira Dias e Alves Monteiro. Por fim em nome da Comissão organizadora desta festa que era constituída pelos srs. Armando Barbosa, Serafim Machado e Miguel Campos que falou em nome da organização deste jantar, pondo em destaque as qualidades do homenageado, esposa e filhos, agradecendo a comparência de todos os presentes (cerca de 60 pessoas). Por último, profundamente comovido agradeceu Lino Paupério, que a todos envolveu em um grande abraço de despedida.


Adeus até ao meu regresso




Nos anos 60, com o começo da Guerra Colonial, em que quase todas as famílias portuguesas tiveram filhos a combater em África. A RTP, única emissora de televisão existente em Portugal, enviava os seus reportares para Angola, Moçambique e Guiné, registando no final de cada ano as Mensagens de Natal dos militares portugueses para os seus familiares e amigos, expressando os emocionados desejos de um Feliz Natal e um Bom Ano Novo.


Assim as famílias dos combatentes na metrópole coladas â televisão (coisa que ainda não existia nas Províncias Ultramarinas), esperavam ansiosamente que aparecesse alguém conhecido ou o próprio familiar no pequeno ecrã.


Estas mensagens terminavam com a célebre frase: “Adeus até ao meu regresso” desejo esse por vezes incumprido dum regresso à Metrópole vivo e salvo.


Foram tempos de guerra que felizmente já terminaram e não deixam saudades a ninguém.


Depois destas lembranças natalícias do século passado, não podia terminar este meu texto, sem desejar a todos quantos por aqui passam...




Fernando Oliveira – Furriel de Junho

 

29 novembro 2023

50º ANIVERSÀRIO DA PESCA E CAÇA DE PENAFIEL

50.º ANIVERSÁRIO

 do

 


 

O Clube de Pesca e Caça de Penafiel, fundado no dia 6 de Novembro de 1973, comemorou o seu cinquentenário num jantar no Penafiel Park Hotel, no sábado, 3 de Novembro de 2023. 

 


Embora não seja pescador, nem caçador, entrei para sócio desta colectividade para através dela, adquirir a Carta de Campista Nacional, com a sua sede à época na Rua Joaquim da Rocha Reis, e actualmente situada na Rua do Bom Retiro, sendo seu Presidente o Sr. Fernando Silva.

Aproveitando esta data do cinquentenário, foi lançado um livro com o título “50 Anos – História d`um sonho – Honras e Glórias”, de autoria do sócio honorário N-º 2, António José do Couto Faria, ilustrado com muitas fotos a acompanhar a prosa, tornando-o de fácil leitura. 

 


Quem o desfolha, não só fica a saber que o berço desta iniciativa de fundar este clube, saiu de um grupo de amigos à mesa do Imperial Café, assim como recordar através das fotos, amigos que já partiram desta vida, dedicando parte dela à vivência do Clube Pesca e Caça de Penafiel. 

A todos que serviram durante estes 50 anos o Clube de Pesca e Caça de Penafiel, tendo que salientar o Campeão Nacional de Pesca Desportiva José Diogo Silva, que com dedicação e carolice, lá vão mantendo o Clube na 1.ª Divisão Nacional de Pesca Desportiva, lhes envio um abraço, e faço votos que Deus lhes renove as forças para continuarem o seu trabalho.

Bem hajam!

 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho

01 novembro 2023

NICHO DA NOSSA SENHORA DO VIANDANTE

 NICHO DA NOSSA

SENHORA DO VIANDANTE

 



Mal começaram as aulas do 2.º períodos do ano de 1965, nas oficinas da Escola Industrial de Penafiel, começou a ser construído o nicho para a N .S. do Viandante. O molde para levar o cimento foi construído em platex.


O Platex, é um tipo de derivados da madeira, que possui uma face lisa e uma contra face rugosa com uma cor castanho-escura, sendo um material que devido à sua espessura é facilmente moldável


Lembro-me de se ter feito o molde para a construção do nicho da Nossa Senhora do Viandante neste material, já que o mesmo se adaptava àquela curvatura sem partir.

 

Mestre Zé Luís


Os mentores desta obra foram os mestres Zé Luís e Fernando Cravo, que no dia 1 de Fevereiro o montaram no lado esquerdo (quem sai da escola em direcção à cidade de Penafiel), nas traseiras da actual paragem de autocarros, na Rua da Escola hoje D. António Ferreira Gomes.


Terça-feira, 2 de Fevereiro de 1965, pelas 15 horas, foi inaugurado o nicho da Nossa Senhora do Viandante.

 

Dr. Aurélio Tavares
 

Estavam presentes, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, ilustre director da Escola Industrial de Penafiel, Professor Joaquim José Mendes em representação do Sr. Presidente da Câmara e como Presidente da Comissão Municipal da Cultura, Tenente Francisco Bernardo Leal Machado, representando o Sr. Comandante do R.A.L. 5, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Subdelegado de Saúde em exercício, alunas e alunos da Escola Industrial, todo o corpo docente e alguns populares, emprestaram ao acto da Bênção do Nicho dada, pelo Reverendo Padre Arnaldo Leite Teixeira, Pároco de Milhundos e professor da Escola Industrial, um ar de festa. Aí estiveram também as Ex.mas Senhoras D. Maria Isabel Lopes Afonso e D. Alice de Oliveira Dias, do Movimento Nacional Feminino, bem como a Ex.ma Senhora D. Maria José Cochofel Teixeira Dias da Acção Católica.


Depois da Bênção, o Sr. Dr. Aurélio Tavares, proferiu o seguinte discurso:


Excelentíssimo representante do Sr. Presidente da Câmara e demais autoridades.


Ex.ma Senhora Directora do Centro.


Ex.mo Senhores professores, filiadas da Mocidade Portuguesa Feminina, que nesta Escola Industrial funciona, cabe-me o privilégio de saudar Vossas Excelências e de agradecer a sua distinta e significativa presença nesta humilde inauguração, assegurando simultaneamente o sentimento de penhorado júbilo por se haverem dignado aceitar um convite que um grande apreço inspirou.


Inaugura-se neste momento um pequeno comovido nicho, mercê do entusiasmo destas filiadas, homenagem piedosa delas à suave protectora dos que erram por estes caminhos eriçados de perigos; acto bem próprio de corações que desabrocham, não tocados ainda do mal que envenena e corrompe a nossa época; e devido à acção de quem tão elevadamente as dirige no âmbito das actividades da Mocidade Portuguesa. Formosa prece materializada em pedra destacando-se de uma moldura de cedros, para edificação e elevação espiritual à Mãe de Deus, de todos os transeuntes desta via – os que seguem dominando a máquina transportadora, para que a mesma lhe seja dócil e prestante, e os que ao movimento arrastado dos pés confiam o destino que levam.


Lídima luz espiritualizante, indicadora de rumos certos, seja também a Senhora dos Caminhos, a excelente e santa vizinha desta Escola, farol dos que a demandam, tanto nos caminhos do estudo como, mais tarde dela despedidos, através da vida que os conduzirá a ignorado termo, para que este seja o da verdade e do bem!

 

Meninas, dilectas filiadas! Quando por aqui passardes a caminho daquela Casa onde andais forjando o vosso futuro, erguei à Senhora da Estrada de Melhundos uma prece vibrante e sentida, embora rápida, a fim de que Ela inspire os vossos trabalhos escolares, vos ilumine e inunde de Graça. E quando, de regresso a casa às horas crepusculares, passando novamente diante desta imagem por vós levantada, consagrai à mesma Senhora Padroeira o destino dos vossos pais, dos vossos irmãos, dos vossos professores, o próprio destino vosso, a preservar ciosamente em pureza das ciladas do Mundo. Bem hajais pela concretização em beleza da vossa piedade, devoção, espírito de iniciativa!


Ex.mos Senhores! Como representante da Escola, muito agradecido a V. Ex.as por terem dado à generosa iniciativa desta Mocidade escolar o apoio de uma prestigiada presença, o conforto de uma comprovada simpatia e benevolência.

 


De seguida, a menina Maria Rosa Soares Coelho, leu o poema que vamos reproduzir em honra da Senhora do Viandante:


SENHORA DO VIANDANTE


Senhora do Viandante,  

O caminhante

Que a todo o instante,

Acolhido à vossa Graça,

Por aqui passa,

Passe bem,

E para bem,

 Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Esse volante,

Tão confiante

Em Vós, veloz socorre!

Meu Deus, se morre!...

Filhinhos tem,

Guiai-o bem

Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Esse estudante

Que ali, diante

Do Vosso nicho trabalha

Nessa batalha …

Levai também

Só para o bem,

Senhora do Viandante!


Senhora do Viandante, 

Ah! Nesse instante,

Inda distante,

Perturbante, da partida

Para a vida

Meu rumo aqui

Me defini

Senhora do Viandante!

                                       



Terminou esta festa com uma exposição de berços e enxovais executados pelas alunas da Escola Industrial de Penafiel, com a colaboração das Ex.mas Senhoras Arquitecta   D. Maria de Lourdes e Dr.ª Maria Madalena, e que vão ser distribuídos por famílias pobres desta cidade.


 

Nos dias de hoje, o nicho encontra-se no parque que rodeia o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, embora sem a Senhora do Viandante, que pelos vistos, viajou na mão de algum meliante, cujos pais não lhe deram chã em pequenino e não lhe ensinaram que não se deve tocar nas coisas do alheio.


Infelizmente, gentalha desta categoria, não falta neste país, que se diz Católico Apostólico Romano, mas que pelos vistos, nem os santos escapam à sua gula de rapina.

 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho



*