21 fevereiro 2008

O LARGO PERDEU O LARGO

MELHORAMENTO
NA ZONA DO ERRO HISTÓRICO
(A NOSSA TERRA)
Chegou directamente da Tailândia o último melhoramento à Zona do Erro Histórico de Penafiel, mais propriamente ao Largo da Ajuda.

Trata-se de um correr de bancos, para os futuros turistas da Zona do Erro Histórico poderem repousar e retemperar forças para continuarem a sua marcha para verem e apreciarem os monumentos e os enfeites como aquele grande zero construído em condutores eléctricos dependurado no candeeiro do Café Cantinho. Uma beleza.

Acontece que o Largo da Ajuda com este melhoramento perdeu o Largo, virando triângulo. Por tal facto, e para chamar as coisas pelo nome, é urgente emendar a placa onde se lê Largo para Triângulo de Nossa Senhora da Ajuda.

Por isso, é que se compreende melhor aquela tese do acabar da cidade da risca ao meio para nascer a cidade de forma triangular.

Nós agradecidamente agradecemos os bancos, que de certeza tiveram muitas e muitas horas de estudo de pessoas que sabem mais que um miúdo de dez anos, para criarem esta nova maravilha na Zona do Erro Histórico, que neste tempo de crise, tem o condão de nos fazer sorrir e é digna de ser vista. Estas cacholas que deram o seu melhor para que esta maravilha fosse uma realidade, deviam de ser agraciadas com uma medalha na próxima feira das medalhas que se avizinha. Afinal de contas, não é todos os dias que nos cruzamos com gente desta categoria.

13 fevereiro 2008

PENAFIEL NO SEU MELHOR

PENAFIEL NO SEU MELHOR
NO ERRO HISTÓRICO
(A NOSSA TERRA)

Se não concorda com o estacionamento à sua porta, já sabe o que tem a fazer, espere que alguém arranque as marcações que depois a brigada da fitagem resolve o problema. Um bom exemplo disso é a foto que se segue. Afinal quem é que decide o local de estacionamento?Na Rua da Misericórdia foi criado um parque parqueado, só que não existe o papa moedas do parcómetro. Talvez por estas coisas, é que se compreende melhor a germinação da cidade de Penafiel com a do Entroncamento.

Para encravar a mobilidade, na Rua do Paço foi colocada no passeio uma garrafa a apregoar a ementa de um café. Além de prejudicar a tal mobilidade que tanto se fala, ainda pode constituir uma ratoeira aos invisuais.

No Largo da Ajuda há dois sinais que se contradizem. Um na esquina do café Cantinho que proíbe o estacionamento, logo há frente foi implantado um estacionamento parqueado. Afinal qual é o que vale?

Será que estes fenómenos se destinam a atrair turistas para a zona do erro histórico?

03 fevereiro 2008

PONHAM O ZECA A GIRAR

PONHAM O ZECA A GIRAR
(A NOSSA GENTE)

No dia 23 de Fevereiro vai fazer 21 anos que morreu José Afonso. Sendo a sua obra desprezada e ignorada pelas rádios e televisões nacionais, será certamente recordada por todos os antifascistas como um resistente que conseguiu trazer a palavra de protesto para a música popular portuguesa e também pelas suas outras músicas, de que são exemplo as suas baladas.

Não privei de perto com o José Afonso, mas tive o privilégio de o ver actuar, e vou escrever o que o meu coração ditar.

A última vez que o vi e ouvi, encontrava-me em Nova Lisboa, hoje Huambo em Angola a cumprir o serviço militar, quando o Zeca Afonso, o Adriano e o Fausto, foram cantar para as Forças Armadas Portuguesas e para o M.P.L.A.

Ao entrarmos no pavilhão do Académico, começamo-nos a sentar nas cadeiras de trás, deixando as da frente vagas para os altos comandos, quando o Zeca vai ao microfone e nos manda sentar nas cadeiras da fila da frente, ficando os oficiais nas cadeiras que estivessem livres quando chegassem. A desordem das patentes estava estabelecida e aquilo prometia animar a malta. O Zeca com aquele ar de chateado e a dar de olhos para o Adriano e o Fausto, entre uma e outra canção, fazia um pequeno intróito político sobre o que ia cantar a seguir. Quando entoou no final do espectáculo a “Grândola Vila Morena”, toda a malta cantarolou, enquanto ao fundo do pavilhão foram desfraldadas a bandeira portuguesa e a do M.P.L.A.

Depois surgiram as confusões. Os membros da UNITA e da F.N.L.A., também queriam que este trio actuasse para eles. O Zeca sem papas na língua, afirmou que não tocava para lacaios do imperialismo. Esta boca, valeu-lhe a expulsão de Angola sem acabar a digressão. Este homem vertical, de nome José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, que antes quebrar que torcer, foi um exemplo de humildade, honestidade e de luta para que floresce-se em Abril uma sociedade mais justa, mas que Novembro trocou as voltas, dando à luz um Portugal que rima cada vez mais com capital.

Quanto à sua obra, vocês até se vão rir como eu a comecei a adquirir. As tropas tinham sido aumentadas a seguir a Abril de 1974, mas esses aumentos só nos foram pagos alguns dias antes do embarque. Assim, sem saber o que fazer à massa, fui à baixa de Luanda comprar todos os discos que encontrava do José Afonso e assim comecei a coleccionar a sua obra.

Este cantautor e a sua postura para com os outros marcou-me tanto, que também comprei alguns livros que foram editados sobre ele, e guardo alguns recortes de jornais que discerniam sobre a sua pessoa.

Infelizmente tanto o Zeca como o Adriano já partiram deste mundo, e hoje sinto-me um pouco “órfão”, pois já não há quem nos cante as nossas amarguras e nos abra janelas para “Avisar a Malta”, que os Eunucos e os Vampiros estão de volta, e o que ainda é mais estranho, é que já cantam a Grândola, sentam-se à mesa com uma desfaçatez tal, e “comem tudo e não deixam nada” democraticamente.

E se outra razão não houvesse, só para os fazer chatear, façam como eu, ponham o Zeca a girar.