07 setembro 2010

TREINAR PARA A EMIGRAÇÃO

TREINAR PARA A EMIGRAÇÃO
A Nossa Gente

Depois de nos anos 60 irmos a salto com uma mala de cartão para terras de França, vamos assistir dentro de dias à maior imigração infantil de que tenho memória em Portugal.

Estou convencido que com esta medida do governo socrático, de fechar escolas com menos de 20 alunos, que ainda tinha para além da função de ensinar, aguentar alguns casais no interior do pais, creio que estamos a contribuir para aumentar a desertificação destas zonas de Portugal.

Escolas já de si superlotadas, e aumentando o número de alunos por turma, faço votos que esta medida não vá contribuir para uma maior desaprendizagem.

Mas o que eu sei é que economicamente o governo tão preocupado (segundo dizem eles) com o desemprego, vão lançar com esta medida mais professores e pessoal auxiliar no mesmo.

Perante mais este tremendo golpe economicista em que se fecham, cegamente, centenas de escolas, vendo mais uns milhares de crianças tendo que se levantar de madrugada, passar horas em transportes que andarão interminavelmente às voltas até as depositarem nos modernos armazéns de estudantes, amontoadas às centenas, cansadas, desenraizadas, longe da sua comunidade, longe dos amigos, longe da família... assalta-me um pensamento triste:

Não estamos a educar ou a formar esta geração de crianças, mas sim a dar-lhes um treino intensivo para a emigração!...

MAIS UMA DESCOBERTA

AOS ESTUDIOSOS CAMONIANOS
Do nascer até morrer, estamos sempre a aprender.

Professor da Universidade da Bahia (Brasil), cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:

Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma aluna de 16 anos deu a sua interpretação:

Ah, Camões! Se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!

A aluna ganhou nota DEZ pela originalidade, pela estruturação dos versos, das rimas insinuantes, e também foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.