23 fevereiro 2012

JOSÉ AFONSO

JOSÉ AFONSO

25 ANOS DEPOIS DA MORTE

Em 23 de Fevereiro de 1987, morreu José Afonso, na cidade de Setúbal, aos 57 anos de idade.

As canções de José Afonso mantêm hoje a mesma frescura e a mesma modernidade que tinham quando foram escritas.

Infelizmente a vida real se encarregou de negar todos os sonhos que, num dia de Abril, chegámos a acreditar que estavam prestes a concretizar-se.

Os vampiros e os eunucos voltaram a estar activos e dominantes.

Agora que a imprensa nacional está a ficar toda formatada, cada vez faz mais sentido ouvir José Afonso, antes que algum avô cavernoso venha comandar de novo as nossas vidas.

Agora como antigamente, a cantiga continua a ser uma arma…

19 fevereiro 2012

O COMBOIO EM NOVELAS

O COMBOIO EM NOVELAS

Estação de Novelas no ano de 1914

No último quartel do século XIX, o caminho-de-ferro estendia os seus ramais a todo o país.

Fontes Pereira de Melo, Ministro das Obras Públicas de então, foi o grande impulsionador da modernização das vias rodoviárias e do arranque do caminho-de-ferro em Portugal, considerando condição sine qua non para a sua industrialização.

Aberto o concurso público para a construção da Linha do Douro, e como não apareceu ninguém, o Estado Português assumiu todos os custos relacionados com a sua construção, através de um plano apresentado em 1872.

As obras na Linha do Douro tiveram o seu início em 8 de Julho de 1873.

Esta linha para além de transportar pessoas, permitia levar ao interior norte do país, sementes, adubos entre outros produtos, e escoar a produção agrícola, especialmente o vinho.

1.ª Viagem de Comboio a Novelas

No dia 29 de Julho de 1875, foi inaugurado o 1.º troço da Linha do Douro numa extensão de 30,311 Kms, entre Ermesinde e Penafiel (Novelas).


Estação de Ermesinde depois da Companhia Aliança ter colocado o alpendre metálico, em 1883.

O comboio saiu do Porto, pouco depois do meio-dia, levando o Sr. Ministro da Marinha, vereadores, governador civil, General da divisão e outros funcionários, jornalistas e vários cavalheiros importantes do corpo comercial.

Na estação estava reunido bastante povo, que saudou entusiasticamente a partida da locomotiva N.º 21, a “Douro”, a qual foi recebendo pelo caminho as câmaras de outros concelhos.

Todas as estações (Valongo, Cête, Paredes e Penafiel), estavam vestidas de gala, e a aglomeração de pessoas era extraordinária.

Em Novelas, na extinta estação, foi servido um lanche de 180 talheres.

Locomotiva a vapor Beyer & Peacock de 1875

Características da locomotiva “Douro”

Ano construção – 1875

Construtor – Beyer Peacock

Timbre da Caldeira – 8Kg / cm2

Esforço de tracção – 4720 Kg

Tipo de distribuição - Stephenson/Plana

Capacidade de aprovisionamento:

Água – 7.000 L

Carvão – 3.000 Kg

A partir do dia 30 de Julho de 1875, os penafidelenses poderiam socorrer-se daquele excelente e rápido meio de transporte, para se deslocarem à cidade do Porto e vice-versa.

Em 1876, os preços dos bilhetes entre Porto e Penafiel (Novelas), eram os seguintes:

1.ª Classe – 740 réis; 2.ª Classe – 580 e a 3.ª Classe 410 réis.

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1.ª Ligação da estação de Novelas à cidade de Penafiel.

Como a estação de Novelas distava 3 Kms da cidade de Penafiel, o Sr. Carlos José de Sousa anunciava, no jornal “O Penafidelense” de 26 de Agosto de 1884, que a partir do dia 25 de Agosto ia estabelecer corridas de trens entre a cidade e a estação de Novelas e vice-versa.

Para isso estabeleceu um escritório em casa do Sr. Joaquim Baltazar Pereira Guimarães, na Rua Formosa (hoje Av. Sacadura Cabral), donde partiam os carros para os comboios da manhã às 5 ½ e 8 ½ horas, e para os de tarde às 2 ½ e 5 ½.

Com os tempos os projectos tornaram-se maiores e pretendeu-se servir Lousada e Felgueiras, bem ao jeito dos actuais metros ligeiros de hoje em dia. Em 1911 começaram as obras, e em 1912 a estação ficou ligada à então Rua Formosa, hoje a Avenida Sacadura Cabral. Veio o ano de 1914 e os modestos comboios ligavam Penafiel a Felgueiras e Lixa sendo alcançado Entre-os-Rios em 1915. Contudo, a entrada de Portugal na guerra de 1914-18, e o florescente tráfego rodoviário, abalaram a companhia que se manteve em serviço até 1931, tendo inclusivamente chegado a estudar a electrificação da linha a partir da central do Varosa.

Propostas para os primeiros vendedores, na estação de Novelas

Até ao dia 20 de Dezembro de 1894, a Câmara Municipal de Penafiel, recebe propostas para a venda de água doce, doces, fruta, regueifas, etc., na estação do caminho-de-ferro desta cidade.

É ponto assente, que o comboio foi um dos factores que mais contribuiu para o progresso e crescimento da freguesia de Novelas.

10 fevereiro 2012

BUSTO DE ANTÓNIO NOBRE


Inaugurado no
dia 18 de Março de 1941


Monumento oferecido à cidade e concelho de Penafiel, pela família do poeta António Nobre


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Sessão Solene nos Paços do Concelho de Penafiel

O sr. Padre Carlos Pereira Soares, ilustre presidente da Câmara de Penafiel, abriu a sessão para apresentar os oradores, citando os seus nomes: Teixeira de Pascoais, José Júlio, Silva Mendes e Carlos Sombrio, dedicando a cada um deles palavras de maior admiração. De seguida, convidou a assumir a presidência desta sessão, o Governador Civil substituto, o Sr. Dr. Sousa Machado. Este convida a tomarem parte dos lugares de honra na mesa, o Sr. Presidente da Câmara de Penafiel, Teixeira de Pascoais, Dr. António Machado, Dr. Morais Sarmento, delegado do P.R., e prof. Cipriano Barbosa. Assistiram ainda algumas pessoas da família de António Nobre.


OS DISCURSOS

O primeiro orador foi o Sr. Dr. Francisco da Silva Mendes, director do jornal “O Tempo”, que focou a figura moral e intelectual de António Nobre.

Em seguida, a menina Esmeralda da Conceição Alves recitou muito bem, sentidos versos, um poemeto do distinto poeta e jornalista Padre Moreira das Neves, consagrado a António Nobre.


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Seguidamente falou o distinto poeta José Júlio a quem em parte se deve a ideia desta homenagem.

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Falou depois o ilustre escritor e poeta Teixeira de Pascoais, figura do maior relevo no mundo literário. Seu discurso, precioso estudo da obra e da personalidade do Poeta e da sua época.

Por fim, usou da palavra o Sr. Dr. Sousa Machado, Governador Civil substituto, mostrando a sua grande admiração por António Nobre.


O CORTEJO

Após a sessão solene nos Paços do Concelho, organizou-se um cortejo, que se dirigiu ao Jardim Público, onde coberto com a bandeira do município, se erguia o busto de António Nobre.

Em torno do monumento aglomerava-se compacta multidão e, à volta do mesmo, muitas flores e um formoso ramo de cravos, a flor preferida e amada do Poeta.

Descerrou o busto a pequenina Maria Eugénia de Sousa Machado, filha do Sr. Dr. António Sousa Machado e sobrinha, por afinidade, do malogrado Poeta.


OS DISCURSOS

Carlos Sombrio, prestigiosa figura de intelectual, poeta, jornalista e distinto orador, proferiu um magnífico discurso, evocando a figura e a obra de António Nobre, com palavras de maior relevo, da maior beleza e do mais sentido entusiasmo.

O Sr. Dr. José Braga leu algumas palavras de Júlio Brandão sobre o poeta.

As gentis meninas Maria de Lurdes Medeiros Guimarães, Silvina Coelho e Maria José Teles de Meneses, recitaram com expressão, versos de António Nobre.

O Chefe da Secretaria da Câmara Municipal e nosso ilustre amigo Sr. Dr. Adelino Oliveira Osório, leu o auto de entrega do busto ao Município de Penafiel – entrega feita pela família do Poeta, e que foi assinado pelas pessoas de representação presentes.

O Sr. Dr. Luiz G.N. Guedes leu algumas palavras do Sr. Dr. Agostinho de Campos.

Findas as cerimónias, o Sr. Presidente da Câmara, ofereceu ao Sr Governador Civil substituto e demais convidados, nos Paços do Concelho, um Porto de Honra, durante o qual agradeceu a comparência de todos e saudou a imprensa.

Foram recebidos cartas e telegramas de várias individualidades entre as quais citaremos o Sr. Dr. Artur Marques de Carvalho, ilustre Deputado da Nação, D. Maria Gardina Andressen Chambers, Antero de Figueiredo e o Dr. Gaspar Baltar.


Teixeira de Pascoais

Sobre esta cerimónia, escreveu mais tarde o poeta amarantino, Teixeira de Pascoais o seguinte:

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07 fevereiro 2012

CONDENADO

Ao fundo da Rua dos Combatentes na cidade de Penafiel, onde hoje se vê um bloco habitacional, antigamente existia a Pensão – Restaurante Morais.


Depois destas fotos para matarem saudades, o que me trás aqui é um texto publicado no jornal “O Tempo”, de 17 de Abril de 1969, com o título “Condenado”.


Como se vê, esta arte de furtar já vem de longe. Hoje há quem nos roube o abono de família, o subsídio de Natal e de férias e os seus autores não são condenados.

E quando a malta se queixa que nos estão a ir ao bolso, dizem-nos com aquela postura patética, para não sermos piegas.

Já dizia o poeta Aleixo:

Sei que pareço um ladrão

Mas há muitos que eu conheço

Que não parecendo o que são

São aquilo que eu pareço

05 fevereiro 2012

LAVADOURO DE PUÇOS OU PUSSOS


No tempo em que nem todas as casas tinham água canalizada, e havia a profissão de "Lavadeira", o Estado Novo mandou por questões de higiene construir vários lavadouros públicos.

Um dos últimos a ser construído na cidade de Penafiel, foi o lavadouro de Pussos ou Puços como agora aparece na placa toponímica colocada na entrada da rua à saída do Largo da Ajuda, sendo o mesmo, inaugurado no mês de Julho de 1959.

Com o desaparecimento do quartel que alimentava as lavadeiras, com o evoluir da tecnologia das máquinas de lavar roupa e com a água canalizada a correr em todos os lares, o lavadouro de Puços ou Pussos perdeu a sua importância.

Agora com os orçamentos familiares a apertarem os cordões à bolsa, os lavadouros vão retomando lentamente o seu papel de serviço público prestado às populações, e serão novamente um local por excelência, para se lavar roupa suja como antigamente.

04 fevereiro 2012

LARGO DA AJUDA

A vaga de frio que se faz sentir por toda a Europa, chegou a Penafiel, congelando na noite de 4 de Fevereiro, as águas do chafariz do Largo da Ajuda.



02 fevereiro 2012

RUA DO CARMO

INAUGURAÇÃO DOS CANDEEIROS
DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA

O calendário dependurado na parede, marcava sexta-feira 16 de Fevereiro de 1968.

A população da Rua do Carmo na cidade de Penafiel, aguardava na rua, ansiosamente a entrada em funcionamento dos novos candeeiros de iluminação.

Pelas 19h 30m, os novos candeeiros idealizados pela Comissão Municipal de Cultura, mantendo quanto possível a traça original, começaram a iluminar aquela velhinha artéria citadina.

Serpentinas, dísticos, foguetes, vivas ao Senhor Presidente da Câmara, foram um nunca acabar.

O Sr. Coronel Fontes, ilustre Presidente da Câmara, acompanhado do Director dos Serviços Municipalizados, Eng.º Castro Gil, encarregado dos Serviços Municipalizados Sr. Augusto Vieira, vereador sr. Fausto Pinto Matos e ainda pelos srs. José Casimiro de Sousa e Cândido Borges, percorreu aquela rua onde, felizmente para já, se vê claramente onde se põem os pés naquele piso irregular e a pedir imediato arranjo.

É, sem dúvida, um grande melhoramento este que acaba de ser levado a efeito e o povo, bom e humilde, sentiu-o e delirou com ele.

E, um sincero agradecimento ao Senhor Presidente da Câmara traduzido na mais simples e sincera festa, deixou transparecer o quanto de gratidão lhe corria na alma.

Os olhos de muitas dezenas de pessoas, nascidas e vividas ali na sua velhinha Rua do Carmo, encheram-se de lágrimas de alegria e foram um cartaz gigante a letras garrafais que se traduzia num muito e muito obrigado ao Senhor Presidente da Câmara.