28 janeiro 2014

BRASÕES DE ARRIFANA E PENAFIEL



BRASÕES DE ARRIFANA E PENAFIEL


O brasão de armas com que Penafiel ou Arrifana enalteceram o seu estandarte, municipal é um verdadeiro enigma heráldico.

Há quem diga que o primeiro brasão, foi-lhe dado por Fayão Soares e era formado por um escudo coroado e dentro dele uma águia negra também coroada, entre duas espadas nuas com pontas para cima. Segundo o Livro de Vilhena Barbosa, Cidade e Villas da Monarchia.

Na cidade de Penafiel, podemos observar este brasão numa das faces do obelisco do monumento ao Abílio Miranda, e no chão desenhado em pedrinhas brancas e pretas na Praça Municipal. (Ver fotos a seguir).




Depois do século XVII, a águia dentro do escudo é substituída pela cruz, passando a águia para fora do escudo à moda de timbre.

Porém, Rodrigo Mendes da Silva, na sua obra Poblacion  General de Espana , sus trofeos, blasones,etc., Madrid 1645, as armas de Arrifana de Sousa, consistem em um escudo com uma cruz da ordem de Christo, entre as duas espadas, e têem por timbre uma águia coroada.

Quando Arrifana foi elevada a vila, deu-se-lhe brasão, com as espadas do escudo do antigo concelho e a cruz alusiva à sua qualidade de terra da Ordem.


 
No obelisco do monumento a Abílio Miranda

Num dos cantos da Praça Municipal

Uma terceira opinião aparece como sendo, o desaparecimento da águia, mantendo a cruz de Christo em campo branco, sendo o escudo orlado pela parte superior com uma fita onde se lê: CIVITAS FIDELIS, tendo de um lado uma palma e do outro um ramo de oliveira, não se sabendo o significado destes símbolos e da legenda.
 
Este brasão foi adoptado, quando Penafiel foi elevada a cidade, por conselho do cidadão Zeferino Pereira do Lago, o brasão adotou a cruz de cristo acompanhada das espadas juntando-lhe uma ornamentação exterior baseada apenas na arte e bom gosto do artista que a desenhou, tendo no topo superior do escudo os dizeres Civitas Fidelis, mas suprimindo-lhe a tradicional águia. 


 
Na Praça Municipal
 
Na fachada da Câmara Municipal de Penafiel
Parte dos terrenos, senão todos que faziam parte de Arrifana, eram comenda de Christo, daí o aparecimento da cruz no brasão e nalguns marcos espalhados pelo concelho.

Se já sabemos qual a razão do aparecimento da cruz no brasão, a águia deve-se ao facto desta ave ter uma certa importância nesse tempo, nesta zona.



Sobre o actual brasão da cidade de Penafiel, lê-se através da Portaria n.º 388/84, publicada em Diário da República de Segunda-feira 18 de Junho de 1984, 140/84 SÉRIE I (páginas 1887 a 1888), o seguinte:

Atendendo à solicitação formulada pela Câmara Municipal de Penafiel, distrito do Porto, e ao parecer favorável da Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses: 

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Administração Interna, que a constituição heráldica das armas, bandeira e selo do referido município seja aprovada, de harmonia com o disposto no artigo 14.º do Código Administrativo, nos seguintes termos: 

Armas: de azul, águia estendida de ouro, bicada e armada de negro, carregada no peito de 1 cruz de Cristo e acompanhada de 2 espadas de prata. 

Coroa mural de 5 torres de prata.

Listel branco, com as letras a negro «PENAFIEL».

Bandeira: gironada de branco e vermelho. Cordão e borlas de prata e vermelho. Haste e lança de ouro. 

Selo: circular, tendo ao centro as peças das armas, sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Penafiel». 

Ministério da Administração Interna.
Assinada em 29 de Maio de 1984.
O Ministro da Administração Interna
Eduardo Ribeiro Pereira.

 Brasão da cidade de Penafiel em pedra, no prédio da antiga cadeia.

No monumento do Abílio Miranda em frente ao quartel dos Bombeiros V. de Penafiel

Como sabemos estes símbolos que são os brasões das nossas bandeiras, servem para identificação do nosso chão, quer sejam nacionais, concelhios ou até mesmo das freguesias.

Infelizmente, nem sempre são usados com respeito e dignidade que eles merecem.

- Quem já não viu a Bandeira Nacional a servir de xaile às costas de certos meliantes?

- Quem não viu a Bandeira das Quinas a servir de toalha em mesas de certos comícios?

- Quem não viu a Bandeira Nacional a ser içada de pernas para o ar, por gente que ocupa altos cargos?

Sou do tempo, em que durante as cerimónias do içar e do arrear da Bandeira Nacional no quartel de Penafiel, as pessoas que se encontravam no jardim público, permaneciam em sentido, enquanto decorriam tais actos.

Mas isso são contas de outro rosário.

26 janeiro 2014

A LISTA De OSWALDO MONTENEGRO



A LISTA
De OSWALDO MONTENEGRO


Oswaldo Viveiros Montenegro, nasceu a 15 de Março de 1956, no Rio de Janeiro.
Sem nunca ter estudado música regularmente, começou desde a tenra infância a ser influenciado por ela. Primeiro, na casa de seus pais no Rio de Janeiro: sua mãe e os pais dela tocavam piano, seu pai tocava violão e cantava.
A decisão de se tornar um músico profissional veio com a mudança para Brasília, em 1971. Na capital federal, começou a ter contato com festivais e grupos de teatro e de dança estudantis. Fez seus primeiros shows e aos 17 anos a decisão de viver da música se tornou definitiva.

Oswaldo Montenegro, é um artista brasileiro que não fez grande sucesso em Portugal. Se querem que vos diga, não me lembro de show dado por ele no nosso país.


Uma das músicas que mais aprecio do seu reportório é sem sombra de dúvida “A LISTA”.

Esta canção nos faz refletir na verdade da vida, nua e crua.

Fala sobre amigos, de sentimentos que permeiam as nossas vidas, e de lembranças de tempos passados, que não demos importância e valor a certos momentos que perdemos de dizer ou fazer coisas simples e que não voltam mais.

Podem crer que sempre que ouço esta canção, invade-me a alma, embora os meus grandes amigos façam parte de uma lista guardada no meu coração para sempre.

Como nos diz Oswaldo Montenegro…

Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...




- Bom domingo!

21 janeiro 2014

MARTE, O DEUS DA GUERRA.



MARTE, O DEUS DA GUERRA


No tempo em que Portugal ainda não existia, muitos povos pisaram este território.

Geralmente dedicavam-se à guerra, à rapinagem, e quando outros bárbaros apareciam, eram especialistas na fuga.

Com a expansão do Império Romano na Península Ibérica, é muito natural que os seus exércitos trouxessem consigo os seus deuses.
Ma mitologia romana, Marte é o deus da guerra, e era representado por um guerreiro.

Quando das escavações para a construção dos alicerces do Santuário de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, foi achado no Monte de S. Bartolomeu (Sameiro), uma estatueta em bronze do deus Marte. 

Trata-se de um belo exemplar de escultura, que certamente Roma, não sabemos como, fez chegar a estas distantes paragens.

Não se conhece na Península Ibérica, outra imagem de bronze semelhante.

Nesta estatueta, o braço esquerdo, afastado para diante, tem a mão decepada e o direito, erguido apresenta a mão fechada em argola para segurar a lança perdida.



O rosto adulto tem olhos representados por uma incisão funda e as sobrancelhas salientes, boca encimada por um bigode liso e rosto coberto de barba farta e anelada, que liga ao cabelo encaracolado.

O deus Marte, está vestido com túnica curta sobre a qual se vê a couraça anatómica com peito, ventre e sulco dorsal marcados.
No antebraço e bordo inferior a couraça remata em lambrequins e sobre os ombros vêem-se os fechos.

Está descalço e as pernas são protegidas na parte dianteira até acima do joelho por ócreas metálicas. 

A figura está de pé, com a perna esquerda ligeiramente flectida e falta-lhe o suporte.


O capacete é do tipo coríntio com penacho elevado de secção em V, rematado em bico nas costas, abaixo dos ombros.

Numa das minhas incursões à Biblioteca Museu de Penafiel, quando ainda o museu e a biblioteca funcionavam juntos, a responsável Dona Maria Rosalina Brandão Rodrigues dos Santos, contou-me uma estória relacionada sobre esta estatueta a qual passo a narrar:

O exército português promoveu uma exposição em que resolveu pedir emprestado o deus Marte ao Museu de Penafiel. 

Carta para cá, carta para lá, e o pedido de empréstimo foi aceite. 

Qual não é o seu espanto, ao ver chegar um camião do exército e vários soldados para carregarem a dita estatueta para a exposição. 


Acontece que a estatueta do deus Marte, mede 21 cm de altura e pesa aproximadamente 570 gr., pelo que tal aparato é exagerado se não mesmo ridículo para levarem uma estatueta que cabe numa caixa de sapatos. 

Como diz o nosso povo, “quem não sabe, é como quem não vê”.

Esta estatueta, encontra-se em bom estado de conservação no Museu Municipal de Penafiel, e ainda hoje pode ser vista por quem o visita.

19 janeiro 2014

AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE



AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE

Chico Buarque e Gilberto Gil

No ano de 1973, em plena ditadura militar brasileira, encabeçada pelo Marechal Castelo Branco, Chico Buarque e Gilberto Gil, escrevem uma canção com o título “Cálice”.

A letra da canção, faz uma analogia entre a Paixão de Cristo, e o sofrimento vivido pela população brasileira aterrorizada.

No poema, há várias citações como estas duas que passo a citar:

“Afasta de mim esse cálice, Pai”.

Aparece como uma súplica para o Pai, afastar esse cálice, isto é, a censura imposta pela ditadura.

“Na arquibancada para a qualquer momento / ver emergir o monstro da Lagoa”.

O monstro é Rodrigo de Freitas, um dos responsáveis pela repressão e que morava no bairro da Lagoa, e que aos domingos costumava ir ao Maracanã assistir aos jogos de futebol.

Claro está que a letra não passou na censura, mas devido à juventude rebelde de ambos, Chico Buarque e Gilberto Gil, acabam por cantá-la em palco, com a letra tartamudeada e a palavra cálice em pronúncia brasileira a resultar num cale-se!

Nada melhor do que ouvirmos as duas versões de Cálice, primeiramente a censurada interpretada por Gilberto Gil e Chico Buarque, e a segunda gravada mais tarde já em liberdade por Milton Nascimento e Chico Buarque, para termos a noção como esta gente escrevia nas entrelinhas, mas nem sempre conseguia fintar a censura.




- Bom domingo!