14 janeiro 2014

DE PERAFITA À CIDADE



DE PERAFITA À CIDADE

A casinha pequena do lado direito da foto, é o depósito de água para abastecer a cidade.

Em Março de 1945, andavam em bom ritmo as obras nas minas de Perafita, com vista ao abastecimento de água à cidade de Penafiel.

Um grupo com cerca de setenta homens chefiados pelo fiscal técnico da Câmara sr. Manuel Lopes Gonçalves de Amorim, trabalhavam diariamente não só nas minas como na abertura da rôta, onde iam assentar a canalização numa extensão de 4.422 m, unindo Perafita ao depósito situado no monte do Sameiro (nas traseiras do Hotel Penahotel).

A tubagem e seu assento, foi fornecida e executada pela Companhia Mercantil Portuguesa (Lusalite), por 736.447$85.

A água jorra abundantemente pelas três minas abertas, e procede-se ao revestimento das galerias, para melhor e mais eficiente captação. Este trabalho foi orçado em 540 contos.

Às 17 horas de cada dia, o capataz José Maria dá o sinal aos trabalhadores para arrearem.

Segundo medição, o caudal será na ordem dos 500 metros cúbicos dia.

Assim, em 1945, a água chegava a Penafiel, embora a maior parte das casas não estavam preparadas para a receberem dentro de portas.

A Câmara resolveu canalizar a mesma para os três fontanários existentes na urbe (Largo do Município, Matriz e Largo da Ajuda), abastecendo os respectivos moradores dessas zonas em horários diferentes. 

Tanque situado junto à Igreja Matriz.

No dia 20 de Novembro de 1945, pelas 13 horas, o sr. Presidente da Câmara Padre Carlos Pereira Soares, acompanhado pelo Chefe da Secretaria Fernando Correia Bastos e o vereador Tenente António Carvalho Sampaio, assistiram à inauguração da chegada da água potável ao tanque situado no Largo da Matriz, juntando-se na altura muitos moradores da Matriz, Rua do Sacramento, Rua do Carmo e Rua Direita.

No acto da abertura da água. Foram lançados muitos foguetes, ouvindo-se muitos vivas ao Estado Novo, e à Câmara de Penafiel, repetindo-se a mesma cena em Janeiro de 1946 na chegada do precioso líquido ao fontanário da Ajuda.

Fontanário da Ajuda já desaparecido

Ainda não descortinei a data da chegada ao fontanário da Misericórdia mas em 1963, já tinha desaparecido o tanque para dar lugar à carranca que hoje existe. 

Com o desenvolvimento que se vinha a notar nessa época, a água pouco a pouco foi chegando às torneiras de todas as casas perdendo estes fontanários a sua importância e utilidade, tendo o da Ajuda desaparecido, o da Misericórdia deu ligar a uma carranca com uma bica e o da Matriz foi enquadrado com o casario. 

Nesta foto de 1963, já o grande tanque em pedra tinha desaparecido, e o Pelourinho recuado para este recanto.

No da Matriz lê-se numa pedra hexagonal a data 1833, talvez a data da construção do primitivo tanque, pois segundo Coriolano de Freitas Beça, no seu livro Penafiel Hontem e Hoje, na página 58 diz o seguinte sobre os tanques que existiam na Vila Arrifana de Sousa:

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Todos os penafidelenses que tiveram o privilégio de beber água de Perafita, sabem que a mesma se fosse engarrafada e vendida por esse Portugal fora, não ficaria atrás de quaisquer outras marcas que por aí andam.

É pena não estarmos a explorar esse filão que dispomos na nossa terra, e que nos tempos que correm, daria emprego a alguns desempregados. 
 
Enfim, isto sou eu a falar com os meus botões, no tempo do usar e deitar fora.