29 abril 2014

SAUDAÇÃO A PENAFIEL



SAUDAÇÃO A PENAFIEL


No antigamente, as Festas do Corpo de Deus em Penafiel, eram um marco não só para a cidade e o concelho, mas para toda a região do Vale do Sousa.

Hoje infelizmente já não é assim, porque os senhores que regem Penafiel, de uns anos a esta parte, apostam mais na Feira Agrícola do Vale do Sousa “Agrival”, em detrimento destas festas.


Mas do tempo em que não havia esta pimbalhada, na véspera do Corpo de Deus, para além da cavalhada que ainda hoje se faz com a figura da cidade a prestar cumprimentos ao Presidente e respectiva vereação da Câmara Municipal, muitos ranchos folclóricos e a parada agrícola e de actividades concelhias animavam as principais artérias da cidade.


À noite os ranchos actuavam debaixo do barraco que existia na antiga Praça do Mercado, que foi demolida (um verdadeiro atentado ao património local).

No ano de 1952, na noite de 12 de Julho, para além dos bailes locais dos Ferreiros, Pedreiros, alfaiates e floreiras, bem como o grupo de Zés Pereiras de Carrazeda de Ansiães, Ranchos Infantis de Matosinhos e o grupo folclórico das Floreiras de Castelões que foram muito aplaudidos.

O Rancho Infantil de Matosinhos, que tanto sucesso alcançou com a sua actuação em 1952, no ano seguinte estava de volta a exibir-se na cidade de Penafiel.


Neste regresso, porém traziam uma surpresa para presentear todos os penafidelenses. A dada altura da sua actuação, fazem uma Saudação a Penafiel, que o povo presente soube corresponder com uma forte ovação no final da mesma, agradecendo assim a tão feliz ideia da Direcção do Rancho.

Aqui fica a letra dedicada à nossa terra:

Saudação a Penafiel

Penafiel, Penafiel
Terra de encantos mil
Aqui te presta homenagem
O nosso Rancho Infantil
Este Rancho Infantil
Da Vila de Matosinhos
Vem saudar Penafiel
Pela voz dos pequeninos

Penafiel
Linda cidade
Gritai bem alto
Ó Mocidade
Abandonamos
Nosso batel
Para saudar
Penafiel

Quem parte leva saudades
Desta terra tão querida
Quem te visita uma vez
De ti jamais se olvida
Jamais te olvidará
O Rancho dos vareirinhos
Saudando Penafiel
Em nome de Matosinhos

Penafiel, Penafiel
Terra de encantos mil
Aqui te presta homenagem
O nosso Rancho Infantil

Como se pode ver pela letra da Saudação a Penafiel, neste ano de 1953, Matosinhos ainda era vila.

Com estas pequenas coisas, vamos recordando e contando aos mais novos, como eram as Festas do Corpo de Deus de outros tempos.

Afinal de contas, é disto que se vai alimentando a alma penafidelense, principalmente para aqueles que a têm.

27 abril 2014

CONJUNTO JOTTA HERRE



CONJUNTO JOTTA HERRE


Hoje vou falar sobre o conjunto Jotta Herre, que teve a sorte de estar no dia e na hora certa para garantir um lugar na história da música portuguesa.

Oriundo da cidade do Porto, o Jotta Herre era formado por Aníbal Cunha, Rui Pereira, Carlos Pinto, e Giuseppe Flaminio.

No ano de 1968, o conjunto Jotta Herre animava as noites do hotel Penina no Algarve.


Em Dezembro de 1968 o Beatle Paul McCartney, chegou de jacto privado a Faro com Linda Eastman, e foi directo para a Quinta das Redes, na Praia da Luz.


Durante as férias (algures entre10 e 18 de Dezembro), McCartney decidiu um dia ir até à discoteca Sobe e Desce,  no Carvoeiro, muito famosa na altura. 

Pelo caminho o músico apercebeu-se que consigo só tinha libras. Foi então que, acompanhado por Linda Eastman, decidiu parar no Hotel Penina apenas para trocar essas libras por escudos. 

O Jotta Herre tinha feito uma pausa de 10 minutos e aperceberam-se que tinha entrado no hotel alguém muito parecido com o McCartney.


Foi então que juntámo-nos todos à volta de Paul e de Linda, bebemos um copo e então ele propôs: vamos tocar. 

Passava da uma hora da manhã e o Paul deu um show inesquecível. Tocou sucessivamente piano, baixo, guitarra e bateria. 

Cada vez entrava mais gente na sala. Paul voltou à bateria e pediu “one minute”. Começou a cantarolar e desafiou a malta para tentar acompanhar a sequência harmónica que estava a sair. 

Eram 4 horas da madrugada e, logo ali, compôs e cantou a música e a letra da canção que nos ofereceu. No fim, pôs-lhe um título, o nome do hotel ”PENINA”.




E assim nasceu Penina, a canção algarvia dos Beatles, gravada pelo grupo Jotta Herre em 1969 no EP Philips. 

Este grupo viria a desaparecer com a morte de Rui Pereira em 1972. 

Para recordar aqui fica Penina.



- Bom domingo!

22 abril 2014

AS ÁRVORES DA NOSSA ESCOLA



AS ÁRVORES DA NOSSA ESCOLA


As árvores da nossa escola primária, são centenárias.

Evidentemente que nem todas sobreviveram à motosserra do “progresso”, mas a maioria delas festejaram no dia 15 de Março a bonita idade de cem anos, a embelezar o recreio da nossa escola.

Serviram muitas das vezes de balizas em jogos de futebol organizados pela malta, como paisagem para a foto das classes com os respectivos professores, quantas das vezes graças a elas fintamos os nossos amigos que nos queriam agarrar naquelas correrias de brincadeira, para além das sombras que nos proporcionavam nos dias quentes de Verão, enquanto saboreávamos o lanche, que muitas das vezes não passava de um quarto de sêmea comprada com cinco tostões, no Jerónimo da padaria.

Equipa de futebol. Foto cedida por Beça Moreira

Durante a 1.ª República Portuguesa (5 de Outubro de 1910 a 28 de Maio de 1928), era costume realizar-se a nível nacional a Festa da Árvore.

Assim, no domingo, 15 de Março de 1914, na cidade de Penafiel, com todo o brilho e entusiasmo, os professores das Escolas Centrais, auxiliados pelo hábil e inteligente chefe da banda de infantaria, sr. Baltazar Falcão, não se pouparam a esforços para que a Festa da Árvore fosse um êxito.


Ás 10h 30m deu-se início à sessão solene, que foi aberta pelo zeloso professor regente sr. Belmiro Nogueira Xavier, que agradeceu a presença de todos os convidados e a sua cooperação nesta festa, dando de seguida a presidência ao sr. Major Silva, que representava o comandante do regimento de infantaria 32.

Sua excelência agradeceu o honroso cargo, e convidou para o secretariar o sr. dr. António Guedes Pereira, valioso amigo da instrução popular e o Presidente da Junta de Freguesia de Penafiel, o sr. António Abrantes Ferreira.

Tomando a palavra o professor Belmiro Xavier, principiou por afirmar que os professores oficiais do concelho de Penafiel se achavam altamente melindrados com o vandálico procedimento de alguns fanáticos que, no ano transacto, destruíram todas as árvores plantadas por ocasião desta mesma festa. Mostrando o seu valor cívico, fez ver que devia ser bem recebida pelos adeptos da religião cristã, pois que as árvores exercem poderosa e capital influência no meio de toda a humanidade. Divagou largamente sobre as suas vantagens, e pediu para elas todo o respeito, veneração e cultura. 

Sendo muito aplaudido no final.


Seguiu-se um aluno que pronunciou um discurso alusivo à árvore, o qual lhe mereceu prolongados aplausos.

De seguida tomou a palavra o sr. Manoel Mesquita Monteiro, ilustre capitão de infantaria, que fez algumas referências à Festa da Árvore, falando depois do patriotismo dos nossos antepassados, terminando com um incitamento o povo ao trabalho, principal factor no progresso da nossa Pátria.

O sr. Major Silva, ao encerrar a sessão, incutiu no espírito das criancinhas o amor pela Pátria e pela instrução.

Turma da 1.ª classe com a  professora. Foto de 1957
Depois foram plantadas, no terreno que circunda a escola, algumas árvores cuidadosamente enfeitadas.

O orfeão infantil, regido pelo sr. Baltazar Falcão, entoou admiravelmente, durante os intervalos, a Sementeira, a Portuguesa, o Hino das Árvores, a Palmatória e o Hino das Escolas Centrais desta cidade. 

Aqui fica a letra do Hino das Árvores, de autoria de Olavo Bilac.

O HINO DAS ÁRVORES

Quem planta uma árvore enriquece
a terra, mãe piedosa e boa:
E a terra aos homens agradece,
a mãe aos filhos  abençoa.
A árvore, alçando o colo cheio
de seiva forte e de esplendor,
deixa cair do verde seio
a flor e o fruto, a sombra e o amor.
Crescei, crescei, na grande festa
da luz, do aroma e da bondade,
árvores-glória da floresta!
Árvores-vida da cidade!
Crescei, crescei, sobre os caminhos,
árvores belas, maternais,
dando morada aos passarinhos,
dando alimento aos animais!
Outros verão os vossos pomos!
Se hoje sois fracas e crianças,
nós esperanças também somos:
plantamos outras esperanças!
Para o futuro trabalhamos:
pois, no porvir, nossos irmãos
hão-de cantar sob estes ramos,
e bendizer as nossas mãos!


Infelizmente, quem conheceu Penafiel nos anos 50, do século passado, pode testemunhar nos dias que correm, faltam muitas árvores na nossa cidade.

Ameixoeiras que haviam no Largo da Ajuda
Para todos aqueles que contribuíram para tal situação, desde o Jardim do Sameiro, passando pelo Largo da Ajuda, e acabando na Av. Sacadura Cabral e Egas Moniz, aconselho-os a lerem o Hino das Árvores, para ficarem a saber coisas tão simples como esta: “quem planta uma árvore enriquece a terra”.