26 agosto 2014

O MUSEU DA ESTRELA



O MUSEU DA ESTRELA
EM PENAFIEL

Postal de 1897

O Museu da Estrela, foi o primeiro museu privado de Penafiel. 

Este museu ficava situado numa casa térrea na Rua do Bom Retiro, e era seu proprietário, Gilberto Dias de Castro ou Gilberto Dias de Menezes e Castro, já que me foi facultado consultar alguma correspondência dirigida ao dono do Museu da Estrela, que morava na Rua do Sacramento N.º4, e na mesma constavam os dois nomes.
 
Postal de 1898

No museu podia-se ver algumas colecções de postais ilustrados, caixas de fósforos e materiais exóticos recolhidos em Africa, incluindo sementes, fetos humanos e repteis conservados em recipientes de vidro. 

Os visitantes não pagavam nada para verem o museu, embora por hábito, deixavam algum donativos para ajudar a manter o mesmo em funcionamento.


Postal de 1891
O espólio do museu ia aumentando, com dádivas de amigos, que pontualmente ofereciam objectos antigos, e muito especialmente daqueles referentes à vida concelhia, como também publicações científicas e periódicas, que Gilberto ia organizando. 

Postal de 1911

Também pelo que se pode, ler neste postal de Mesquita de Figueiredo, advogado, de Lisboa, do ano de 1911, que encomendava ao nosso amigo uma dúzia de postais ilustrados, com os “Penedos encastellados – Santa Martha - Penafiel”.

Postal encomendado
Assim podemos concluir que o proprietário do Museu da Estrela, Gilberto Castro, também se dedicava à venda de postais ilustrados da nossa terra.

Depois a doença apareceu, e numa situação de carência material no início da década de trinta, Gilberto de Castro, foi incapaz de manter o museu em actividade.

10 agosto 2014

A PROCISSÃO DE SANTA LUZIA



A PROCISSÃO DE SANTA LUZIA


Domingo, 10 de Agosto de 2014, pelas 19 horas, muitos anos depois, a procissão de Santa Luzia, voltou a passar no Largo da Ajuda.


Sei que é um percurso longo e muito cansativo, principalmente para as crianças que tomam parte como figurantes nesta procissão.



 

A abrir a procissão estava a fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios.


Depois vinham uma série de andores por esta ordem:

  Menino Jesus

 S. Bento

Sagrado Coração de Jesus

S. José

N. S. de Fátima

Santa Águeda

Santa Luzia

O Pálio

Esta é a procissão, vista da minha janela.

Milladoiro



MILLADOIRO



Os Milladoiro, um grupo galego de folk, com influências da música celta, formado em 1977 na Corunha.


 Os seus membros são:

Xosé V. Ferreirós
Nando Casal
Antón Seoane
Xosé A. F. Méndez
Moncho García
Roi Casal
Harry.c
Manú Conde



A sua extensa discografia

1977 - Milladoiro
1979 - A Galicia de Maeloc;
1980 - O Berro Seco;
1982 - 3;
1984 - Solfafría;
1986 - Galicia no país das Marabillas;
1987 - Divinas Palabras;
1989 - Castellum Honesti;
1991 - Galicia no Tempo;
1993 - A Vía Lactea;
1993 - A Xeometria da Alma;
1994 - Iacobus Magnus;
1995 - Gallaecia Fulget;
1995 - As Fadas de Estrano Nome (Directo);
1999 - No confín dos verdes castros;
1999 - Auga de Maio;
2000 - Aires de Pontevedra
2001 - Gloria Tibi Sit
2002 - O niño do Sol;
2002 - Adobrica suite;
2005 - XXV;
2006 - Unha estrela como guia
2008 – A Quinta das Lágrimas



No seu último álbum, «A Quinta das Lágrimas» (editado em 2008), os Milladoiro ligam, intimamente, a Galiza a Portugal. Há canções medievais galaico-portuguesas, há a Lenda/História de D.Pedro e D.Inês – o rei português e a rainha (coroada post-mortem) galega! –, há poesia de Luís Vaz de Camões (que ilustra essa História, no seu quarto canto de «Os Lusíadas»), há poesia de Fernando Pessoa («Mar Português», de «A Mensagem», em que os Milladoiro tocam para Mafalda Arnauth cantar, num fado que nos une ainda mais, nós portugueses e também nós galegos) e há o «Venham Mais Cinco», de José Afonso, declaração de amor e amizade à solidariedade entre os iguais, sejam do lado de cá desta fronteira fictícia (entre Portugal e Galiza) sejam de outra fronteira qualquer. José Afonso, que desde sempre, fez e desenhou o maior e mais indelével – musicalmente, entenda-se – traço de união entre os nossos dois povos, Portugal e Galiza. 


Em 1992, foi criada uma associação, que reúne actualmente 34 concelhos da Galiza e do Norte de Portugal baptizada de “O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular” .

Os municípios portugueses são Barcelos, Braga, Bragança, Chaves, Famalicão, Gaia, Guimarães, Lamego, Macedo de Cavaleiros, Matosinhos, Mirandela, Penafiel, Peso de Régua, Porto, Viana do Castelo, Vila do Conde e Vila Real.

A associação tem como membros galegos os concelhos de A Coruña, Barco de Valdeorras, Carballiño, Carballo, Ferrol, Lalín, Lugo, Monforte de Lemos, Ourense, Pontevedra, Riveira, Santiago de Compostela, Sarria, Verín, Vigo, Vilagarcía de Arousa e Viveiro.

Foi esta associação que encomendou ao Milladoiro um trabalho que tratasse a relação entre a Galiza e Portugal.


Nesse sentido, 'A Quinta das Lágrimas' surge como um relato musical centrado nesta euroregião, a antiga Gallaecia dos romanos.
Fazem parte do disco os seguintes temas:

1 – O Mar Português
2 – Cantigas N.º 49 e 159
3 – Inês
4 – A Quinta das Lágrimas
5 – Venham mais cinco
6 – Que Muyto Meu Pago
7 – Quen Poidera Namorala
8 – Sos
9 – Galope De Guistola


A história da galega Inês de Castro, que veio a ser rainha de Portugal depois de morta, está na origem do título desta obra, que pretende divulgar junto da população a história e a cooperação entre a Galiza e o Norte de Portugal.


Embora Penafiel esteja inserido nesta associação, o grupo Milladoiro nunca cá actuou, e estou convencido que muitos penafidelenses desconhecem este disco, que tem como base os dois eixos principais que articulam as duas regiões fronteiriças, o mar, a língua e a cultura, e recorda os grandes momentos que, através dos tempos, construíram a história do Noroeste Peninsular.

 
Hoje vamos ouvir O Mar Português, na voz portuguesa de Mafalda Arnauth, acompanhada pela música dos galegos Milladoiro, num verdadeiro abraço entre estes dois povos.



- Boas Férias!

05 agosto 2014

O VASCO DA GAMA DO BRASIL E O PENAFIDELENSE ADÃO ANTÓNIO BRANDÃO



O VASCO DA GAMA DO BRASIL
E O PENAFIDELENSE
ADÃO ANTÓNIO BRANDÃO
 


Hoje tocou a vez de trazer ao blogue o Club de Regatas Vasco da Gama, vulgarmente chamado entre nós pelo Vasco da Gama do Brasil. 

Creio que não há nenhum português ou luso-brasileiro que não simpatize com este glorioso clube.


No dia 21 de Agosto de 1898, no Rio de Janeiro, em homenagem ao quarto centenário do feito do navegador Vasco da Gama, que descobriu o caminho marítimo para a Índia, alguns rapazes, todos portugueses ou filhos de portugueses, resolveram fundar um clube de regatas. Assim, nasceu o Club de Regatas Vasco da Gama.


O emblema do clube foi modificado ao longo dos tempos, até que em 1920 tomou a forma que permanece actualmente. Tendo a caravela com a cruz ao centro, símbolo que era usado nas naus portuguesas. O fundo preto representando os mares desconhecidos do Oriente, a faixa branca representando a rota descoberta por Vasco da Gama, tendo o nome do clube representado pelas iniciais CR e VG entrelaçadas ao lado e abaixo da caravela.

Para que se saiba, foi o primeiro clube brasileiro a ter nos seus quadros directivos, e no seu leque de jogadores negros, o que lhe causou alguns dissabores à época.


O Estádio Vasco da Gama, mais conhecido como São Januário, devido à parte de sua localização estar na rua de mesmo nome, é o estádio de futebol pertencente ao Club de Regatas Vasco da Gama, foi inaugurado em 21 de Abril de 1927, sendo até hoje o maior estádio particular do estado do Rio de Janeiro. O jogo inaugural foi contra o Santos, que venceu por 5 a 3. 


Sua fachada, em estilo neocolonial, é considerada património pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional. 


Em 2007 foi inaugurada uma estátua de bronze em tamanho natural ao futebolista Romário, por este ter marcado o milésimo golo da sua carreira futebolística, com a camisola do Vasco da Gama.

Mas o que muitos penafidelenses não sabem, é que o primeiro golo do Vasco da Gama foi obtido pelo penafidelense Adão António Brandão, o maior atleta da história do Vasco da Gama, tendo conquistado medalhas e troféus em sete modalidades.


Adão António Brandão, nasceu na cidade de Penafiel, no dia 22 de Agosto de 1896.

Seu pai, Francisco Manoel Pinto Brandão, que era juiz de direito, matriculou o seu filho Adão no ano de 1910, no Colégio de São Carlos no Porto, mas este em vez de se dedicar aos estudos, jogava futebol e já em 1911 alinhava nos juvenis do Futebol Clube do Porto.

Como castigo, seu pai deportou-o em 1912 para o Brasil, para trabalhar na fábrica de calçados que pertencia a seu tio. 

Em 1915, jogava constantemente pelo Lusitânia, clube fundado pela colónia portuguesa. Mas vestir outra camisa não lhe agradava, e a solução foi participar activamente na fusão do Lusitânia com o Vasco, concretizada em tempo recorde.


Em 1916, o Vasco ingressou na terceira divisão carioca. A estreia não poderia ter sido pior. No dia 3 de Maio, o Paladino F.C. venceu por 10 a 1. O golo de honra, foi obtido, quando o placar já apontava 8 a 0, e foi marcado por Adão, de bico de chuteira, desviando um chute torto que veio da direita.

Tanto os jogadores que disputaram a partida como os directores que os acompanharam, estavam receosos pela recepção à chegada ao clube. Então resolveram sair antes cem metros e fazer o resto do trajecto a pé, até à sede do Vasco que nessa altura se situava na Rua Santa Luzia, N.º 248, quase na esquina da Av. Rio Branco. Queriam ver o ambiente antes de entrar, e estranharam o silêncio que se fazia sentir na rua, e que terminou mal chegaram à porta da sede, com uma chuva de cascas e laranjas podres a voaram sobre os jogadores e directores.


De 1916 a 1921, o Vasco da Gama guindou-se da terceira divisão à primeira divisão, tendo Adão António Brandão, alinhado em todas as equipas do Vasco, crescendo com o clube, fazendo-se grande com ele.

Mas o nosso Adão Brandão, para além do futebol, brilhou no atletismo em provas de curta distância, chegando a bater o então campeão brasileiro Malagutti. No remo foi imortal, sendo campeão carioca em 1919 e 1921, ajudando o clube a conquistar inúmeros troféus e medalhas na natação e pólo aquático. 


Este penafidelense, envergando a camisola com a Cruz de Malta ao peito, escreveu com os seus feitos, páginas de glória do Club de Regatas Vasco da Gama.