30 dezembro 2015

ALMOÇO DE HOMENAGEM



ALMOÇO DE HOMENAGEM
AO CORONEL
CIPRIANO ALFREDO FONTES


O barracão que existia na antiga Praça do Mercado em Penafiel, não só servia para venda de produtos agrícolas nos dias de feira mensal (10 e 20 de cada mês), como tinha múltiplas utilizações das mais variadas modalidades.

Desde torneios de futebol de salão, a bailes, a circo, a festivais folclóricos e até grandes almoços.

Como estamos em época de Boas-Festas e os comes e bebes aparecem com mais abundância sobre as nossas mesas, lembrei-me de trazer a estas páginas do blogue Penafiel Terra Nossa, uma almoçarada que se realizou debaixo deste barracão no dia 7 de Junho de 1970, em Homenagem ao antigo Presidente da Câmara Municipal de Penafiel, Sr. Coronel Cipriano Alfredo Fontes, que durante oito anos (14- 3- 1962 a 14 - 3 -1970) serviu Penafiel.

Coronel Cipriano Alfredo Fontes

Este almoço foi servido pelo Restaurante Caravana (hoje desaparecido) desta cidade, e a ele compareceram cerca de trezentas pessoas, irmanadas no mesmo sentimento de gratidão e reconhecimento do seu trabalho.

Habitantes de todas as freguesias do Concelho de Penafiel marcaram presença, como as forças vivas da cidade e representantes das suas actividades principais como:

Presidente da Câmara - Dr. Manuel Alves Moreira.
Comandante do RAL 5 - Coronel Santiago Santiago Cardoso
Juiz de Direito - Dr. José Ramos dos Santos
Pároco da Freguesia de Penafiel - Reverendo Albano Ferreira de Almeida
Vice-Reitor do Liceu - Dr. João Delfim Tomé.
Provedor da Santa Casa da Misericórdia - Representado  pelo Dr. António Barbosa da Silva Carvalho, da Assembleia Geral da mesma instituição.
Componentes da Comissão de Honra da Homenagem.

Nesta tarde de 7 de Junho de 1970, por virtude da compreensão destas três centenas de pessoas que voluntariamente se inscreveram na Homenagem de agradecimento  ao Sr. Coronel Fontes, e que afinal também serviu de manifestação de simpatia ao novo Presidente da Câmara Dr. Manuel Alves Moreira, que igualmente foi cumprimentado no final pelas palavras que pronunciou acerca da obra do homenageado e que terminaram com o pedido que fez no sentido do Sr. Coronel Fontes o inscrever na lista dos seus amigos.

Os presentes de pé aplaudiram com entusiasmo esta afirmação.

Mesas postas para o almoço de homenagem

Fez ainda uso da palavra o Sr. Dr. Luiz Nogueira Guedes, advogado da comarca, que em nome da comissão promotora da homenagem tornou público o agradecimento dos penafidelense ao Sr. Coronel Fontes, pela obra  que realizou e foi por ele explicada e comentada, e que no final do seu brilhante discurso fez entrega ao homenageado de uma mensagem em pergaminho assinada por todos os presentes, e de um cheque na importância de 27.200$00 destinada à construção de uma casa para pobres no terreno que lhe foi oferecido pela ilustre família da Casa da Aveleda.

O Sr. Dr. Francisco Brandão da comissão promotora, leu telegramas e cartas a propósito da homenagem, e finalmente o Sr. Coronel Cipriano Alfredo Fontes, muito comovido,  agradeceu a homenagem de que foi alvo e fez o historial da obra que levou a efeito durante os oito anos de Presidência da Câmara de Penafiel, sendo escutado com a maior atenção e várias vezes aclamado por todos os presentes.

E assim terminou esta justa homenagem a um homem, que tanto fez pela nossa terra, tendo os penafidelenses mostrando desta forma a sua gratidão e estima pelo Coronel Cipriano Alfredo Fontes. 

Desejo a todos que por aqui passam um Bom-Ano 2016

27 dezembro 2015

A NAIFA



A NAIFA

A Naifa é uma banda formada em 2004 que procurou conjugar as linguagens clássicas do fado com aquilo que podemos latamente chamar de pop (num sentido não depreciativo). 

Os seus membros fundadores foram:

Luís Varatojo (guitarra portuguesa)
João Aguardela (baixo)
Maria Antónia Mendes (vocalista)
Vasco Vaz (bateria) 


Depois da morte de João Aguardela em Janeiro de 2009, A Naifa sofreu alguns reajustes: Vasco Vaz passou a bateria a Samuel Palitos enquanto Sandra Baptista (vinda dos Sitiados), entrou para substituir João Aguardela no baixo. 



2004 - É lançado o primeiro álbum do grupo, "Canções Subterrâneas".

O requinte das composições é a nota dominante, o bom gosto marca pontos nas onze faixas que compõem o alinhamento, contribuindo para a criação de um dos melhores discos nacionais deste ano. 

Os A Naifa trazem-nos um fado novo, remodelado e totalmente original, não sonegando a sua formatação original mas acrescentando-lhe pacíficas pitadas de modernidade que agradarão aos apreciadores da inovação musical e não desiludirão os séquitos do fado mais tradicional.



2006 - A banda regressou com "3 Minutos antes de a Maré Encher", continuando a apostar na mesma fórmula que tantos admiradores lhe granjeara.



2008 - É editado o disco "Uma Inocente Inclinação Para o Mal".  As letras são da autoria de João  Aguardela, sob o pseudónimo de Maria Rodrigues Teixeira.

Neste disco sente-se a busca de modernidade inovadora, e, de facto, a fusão entre o acústico e o eléctrico tem sido a sua imagem de marca, misturando o som da voz, da guitarra portuguesa da bateria e baixo eléctrico.



2012 - Sai um novo disco com o título “Não se deitem comigo corações obedientes”. Este é o primeiro álbum do projecto editado após a morte de João Aguardela (um dos seus fundadores, vítima de um cancro em 2009).

Neste sentido, assistimos a uma continuidade sonora muito pessoal do grupo, que em conjunto desenvolve um cruzamento de diferentes linguagens musicais: música electrónica, pop, reggae e fado, que, comparativamente aos trabalhos anteriores, neste disco ganha especial protagonismo, tanto pelas cadências melódicas, como pela maior expressão da guitarra portuguesa.


2013 - Aparece no mercado discográfico  "As canções d'A Naifa".
Nascido de encontros entre o fado, a pop, música tradicional portuguesa, pós-punk e alguma eletrónica (desta vez mais discreta do que o habitual). As reacções a esta amálgama não têm sido consensuais, mas temas como "Sentidos Pêsames", um dos menos celebrados da fase áurea dos GNR, "Imenso", de Paulo Bragança (também ele a forçar os limites do fado), ou até mesmo "Desfolhada Portuguesa", imortalizado por Simone de Oliveira, "A Tourada" de Fernando Tordo, são traduzidos para esta linguagem sem grandes desvios do formato original. 

A Naifa é "O único grupo português que reveste o fado com uma sonoridade contemporânea".



Vamos ficar com a canção Señoritas, retirada do disco "3 minutos antes da maré encher", na voz fantástica de Maria Antónia Mendes (Mitó).






- Bom domingo!

22 dezembro 2015

JOSÉ DO TELHADO NO CINEMA



JOSÉ DO TELHADO NO CINEMA


Rino Lupo, aliás Cesare Rino Lupo de seu nome completo, nasceu em Itália, Roma a 15 de Fevereiro de 1888. 

Começou a actividade cinéfila em Itália, entre 1908 e1910.

Rino Lupo chega a Portugal em Agosto de 1921. 

Ainda em Varsóvia, ouviu falar dos progressos da Invicta Film por um jovem português, um tal António da Silveira, e daí veio directamente para Portugal. 

Seduzido pelo sol do país, ofereceu os seus préstimos à Invicta Film, os quais foram aceites por reconhecido mérito.


Em 1929, Rino Lupo decide transpor para as telas o famoso romance de Eduardo Noronha intitulado «José do Telhado» que relatava as proezas do bandoleiro. 

Casado com a prima Aninhas, desiludido e sem recursos, torna-se chefe de uma quadrilha... Em envolvimento, a época em que se travaram as primeiras lutas liberais. 

Em Maio de 1929, na Vila de Amarante, encontrava-se pronta uma equipa de filmagem, com artistas e o ensaiador cinematográfico Rino Lupo.


As filmagens das cenas do exterior tiveram lugar em Amarante, Vila Meã, Lixa, Marco de Canaveses, Felgueiras, Serra do Marão, nos lugares de Sobreira em Caíde de Rei, Lousada, e na casa onde nasceu José do Telhado, em Recesinhos, no lugar do Telhado, Penafiel.

Este filme mudo português teve uma ante-estreia em Lisboa no dia 2 de Dezembro de 1929.

A estreia realizou-se na cidade do Porto a 10 de Dezembro de 1929 e em Lisboa no Politeama, a 3 de Abril de 1930.

Na interpretação surgiam os nomes de Carlos Azedo (José do Telhado), Julieta palmeiro (Aninhas), Maria Emília Castelo Branco (Maria Genoveva), Luís de Magalhães (José Pequeno), Manuel Baptista (Custódio), Rafael Alves (António de Sousa), Aida Lupo (Fidalguinha da Mó), Zita de Oliveira (Ermelinda) e Laura Vidal (Tia Isabel).

Este foi o último filme rodado nos estúdios da Invicta Film, já que no dia 2 de Janeiro de 1931, a mesma encerrou as suas portas.

Filme este a preto e branco, com a duração de 117 minutos e classificado para maiores de 12 anos. 


Entretanto, em Janeiro de 1930, o Sr. Carlos Teixeira Barbosa, filho da filha mais nova de José do Telhado, Maria Lentina, vai passar uma procuração ao Sr. Dr. Bianchi da Câmara, do Porto, afim de que o filme não continuasse a ser exibido, reservando para si os direitos do mesmo.


Em Setembro de 1937, este filme foi exibido em várias sessões de cinema ao ar livre, no Campo do Conde de Torres Novas, vulgarmente chamado de Campo da Feira em Penafiel, sempre com numerosa assistência.



No ano de 1945, aparece em versão sonora um novo filme de José do Telhado, tendo como seu realizador Armando Miranda, a preto e branco com a duração de 98 minutos.


A vida lendária de José Teixeira da Silva, o José do Telhado, casado com a prima Aninhas, vencida a resistência do pai, devido à fama do seu heroísmo durante a guerra civil. Mas as hostes onde militava José do Telhado acabam em debandada. Desiludido e sem recursos, acaba por ceder aos rogos de "Boca Negra", chefe duma quadrilha que infesta a região, para lhe suceder na liderança, pois sente-se velho. Após audaciosos assaltos, de cujo produto passam a beneficiar os pobres, José do Telhado será preso devido à traição do seu lugar-tenente, José Pequeno, deixando desamparados Aninhas e o filho.




Duas canções sobressaem no filme, são elas:


Este mesmo realizador irá fazer em 1949, um novo filme intitulado A volta do Zé do Telhado – ambos com Virgílio Teixeira como protagonista.


Tendo como actores principais:

Virgílio Teixeira - José do Telhado
Milú - Zara
Juvenal de Araújo - José Pequeno
Tomás de Macedo - Desertor
António Palma - Padre Torcato
Leonor Maia - Joaninha
Emílio Correia - Morgado de Fataunços e ainda: Maria Olguim; Patrício Álvares; Hermínio de Miranda; Silva Araújo; Carlos Bagão; Isaura Olguim.

Equipa técnica:

Realização - Armando de Miranda
Produção - Armando de Miranda
Argumento - Gentil Marques, Armando de Miranda e Manuel Guimarães
Fotografia - Aquilino Mendes
Música - Jaime Mendes


Para o filme  "A Volta do José do Telhado", o realizador contou com a colaboração do escritor Gentil Marques para conhecer mais da vida criminosa do bandoleiro através da consulta de processos judiciais em diversas comarcas do norte do país, Região de Marco de Canaveses. 

O regresso de José do Telhado, desde a evasão como Desertor até à sua regeneração. 



O casamento entre a filha do administrador e o Morgado, é a oportunidade de vingança esperada para José do Telhado. Embora seja até uma obra meritória, salvar a pobre noiva forçada. E a quadrilha de José do Telhado põe em prática uma das suas maiores, mais audaciosas e retumbantes proezas. A tropa, porém, está alerta. Perseguida, a quadrilha entrincheira-se numas velhas ruínas e resiste em luta valorosa, acabando por pôr os soldados em debanda. Mas o Desertor morre, vítima de sua abnegação a seu amigo fiel. Morre salvando a vida de José do Telhado. E ao expirar, diz a José palavras que ele nunca ouviu. Palavras que nem a cigana, com os seus beijos ardentes, consegue fazer-lhe esquecer.


Este  filme a preto e branco, estreou-se a 14 de Setembro de 1949, no cinema Capitólio em Lisboa, e tinha a duração aproximada de 123 minutos.

Através destes três firmes que percorreram o país de lés-a-lés, deu-se a conhecer a vida e as façanhas de José do Telhado, que a justiça condenou pelos seus crimes, e a alma popular elevou e acarinhou pelas suas virtudes.