28 janeiro 2015

NO CARNAVAL NINGUÉM LEVA A MAL



NO CARNAVAL
NINGUÉM LEVA A MAL

Desde miúdo que ouço dizer, que pelo Carnaval ninguém leva a mal, por mais extrovertida que seja a brincadeira carnavalesca.

Se hoje assistimos ao Carnaval Trapalhão de Santiago, com crítica social e política à mistura, que arrasta multidões para as ruas da cidade para verem o Carnaval passar, tempos houve em que a censura não permitia tais veleidades.

Mas em tempos em que não havia subsídios nem ajudas para estas coisas, a imaginação e a amizade tinham que cobrir este défice de pagode.

Foi o que se passou nos anos 30 do século passado, no Campo de Torres Novas.

Veio a Penafiel, um conjunto feminino de futebol com o título de Grupo Feminino da Lapa da cidade do Porto, que percorreu várias terras no norte do país, numa demonstração desta modalidade desportiva no feminino.

Tal novidade, atraiu ao campo de jogos do Sport uma multidão de penafidelenses, muitos deles mais interessados em apreciar a beleza das jovens, do que propriamente os seus dotes futebolísticos.

Perante isto, a rapaziada do Sport, em conversa com o fundador do clube José Nogueira, resolveram na terça-feira de Carnaval disputar uma partida de futebol entre um grupo de jovens vestidos de mulheres e uma formação de elementos do referido clube.

Para confundir a assistência, foi anunciado o desafio, sendo a equipa feminina baptizada de Grupo Feminino da Lapa (Croca).


Aqui fica a constituição desta equipa:

Bernardino José de Oliveira
João Oliveira
Augusto da Silva Pereira (Cristina)
Abílio Luís do Fundo
Augusto da Mota Ribeiro
Alberto Vieira
Manuel da Silva Almeida
José da Silva Mendes (Camões)
António Gomes (Toneca do Tito)
Joaquim Teixeira Mendes (Lixa)
José Mendes Magalhães

A malta “feminina”, foi transportada numa caminheta de carga preparada para o efeito desde a sede do Sport na Rua do Paço, fazendo a sua entrada triunfal no recinto de jogos ao som de foguetes de três estalos, baratos mas usados nas borgas. 

O árbitro foi Zulmiro Costa, empregado da barbearia Adriano situada ainda hoje no começo da Rua Alfredo Pereira. 

Apresentou-se na sede do clube vestido de árabe, e montado numa jerica. O apito usado era um chifre de boi, que soprado emitia um som que era mais próprio para caçadas do que para desafios de futebol.

Na brincadeira tomou também parte um antigo jogador do Sport Clube de Penafiel, António Ferreira Nunes, que se apresentou vestido de lavrador com chapéu largo e varapau na mão. 

O triunfo foi da equipa travestida por uma bola a zero.

No final do encontro, subiram novamente para a camioneta percorrendo as ruas da cidade, jogando o Carnaval com feijão, tremoço, e outros artigos permitidos e em uso nesse tempo.

Agora o Carnaval sai à rua sambando, numa nudez por vezes muito acentuada, neste país de tanga, onde a monarquia continua a reinar, exibindo cada cortejo carnavalesco, o seu Rei e a sua Rainha, muito mais belos que a Merkel das Bolas de Berlim, e o Sr. Silva dos Pasteis de Belém.

18 janeiro 2015

GRUPO 5



GRUPO 5




Oriundo do Porto, o Grupo 5 era formado pelos seguintes elementos:

Sousa Pinto (voz, piano)
Fernando Nascimento (guitarra)
Hernâni Resende (baixo, sax)
José Eduardo Alves (bateria)
Dorindo Ferreira (sax tenor).

Editou ao longo da sua duração três EP's, todos pela Valentim de Carvalho.

Na história deste projecto regista-se a curiosidade de que cada um desses discos ter apresentado um som e um estilo completamente distinto dos restantes. 

 


O primeiro EP - "Ballad of Bonnie and Clyde" -, editado em 1966, insere-se na tendência da pop psicadélica.
 


O segundo - "Estrada do Nada" -, de 1969, assume uma sonoridade marcadamente soul.



E o último trabalho - "Wight Is a Wight" - lançado em 1970, apresenta já um som mais próximo do rock progressivo.

O líder deste grupo foi o conhecido Alberto António Mendes de Souza Pinto, para além do Conjunto Sousa Pinto (formado em 1960) e do Grupo 5, esteve também envolvido no Pentágono.

O Conjunto Sousa Pinto a dada altura resolveu alterar o seu nome para Grupo 5, embora a formação se mantivesse a mesma.

O Grupo 5, animou a Festa do Lago no ano de 1968, juntamente com o Quinteto Académico.

- Quem não se lembra da célebre “Ballad of Bonnie and Clyde”?





- Bom domingo!

13 janeiro 2015

AS JANEIRAS E OS REIS NOS ANOS 30 EM PENAFIEL



AS JANEIRAS E OS REIS
NOS ANOS 30 EM PENAFIEL


Em 1928, o clube de futebol Sport Club de Penafiel, fundou um interessante grupo musical, composto por 30 figuras, na maior parte jogadores das diversas categorias do clube.

O regente da orquestra e ensaiador da mesma, era o 2,º Sargento José de Matos, músico da Regimento de Infantaria 6, instalado no quartel de Penafiel.

A Orquestra Jazz- Sport para além de dar concertos a favor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, da Associação Artística de Socorros Mútuos, nas noites de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, e nas de 5 para 6 de Janeiro, percorria as ruas da cidade de Penafiel, a fim de saudar os penafidelenses.  

Hoje há quem as cante aí num pavilhão fora do prazo de validade, sem o encanto, o entusiasmo e a magia do antigamente.

Era uma tuna composta de vários instrumentos musicais, desde o bombo à guitarra, que tocando e cantando alegravam a nossa terra dando lugar a que as artérias se enchessem de numeroso público interessado em ouvir as piadas e os ditos que os compères (dois sujeitos de cartola de coco e de calças de fantasia), transmitiam aos presentes em cumprimento do programa previamente estabelecido e aprovado pela censura.

Havia certas casas que a Orquestra visitava e, quase sempre, os vidros das portas sofriam grande destroço nessas noites porque a assistência queria romper a todo o transe, fosse de que maneira fosse, de nada valendo as ordens do dono da casa no sentido de haver método na entrada.

A Orquestra-Jazz Sport saiu para a rua durante alguns anos mantendo o exclusivo dessa actividade nas noites de boas-festas (anos 30), até que, numa atitude de rivalidade, apareceu mais tarde a Orquestra- Jazz União, produto do outro grupo desportivo da cidade União Desportiva Penafidelense.


Daí em diante é que a coisa redobrou de animação nas noites de Janeiras e Reis, por virtude da actuação das duas orquestras que procuravam, cada uma delas ser superior à outra.

As opiniões dividiam-se, a discursão redobrava de intensidade e os vidros das portas das casas visitadas continuavam a desaparecer em estilhaços não obstante a distribuição de murros e bordoadas por parte das pessoas encarregadas de velar pela sua integridade.

Partidários do Sport e do União travavam azeda polémica parecendo que a rivalidade do campo se estendia à rua!...

Certo ano a Orquestra do União causou um certo sucesso, ao se apresentar, na noite de Reis, com os seus três compères montados em cavalos dos moleiros do Cavalum e com indumentária de Reis Magos.


Com o decorrer dos anos, a Orquestra-Jazz Sport desapareceu, para dar lugar à Orquestra Jazz Albardófila que deu continuidade a esta tradição de cantar as Janeiras e os Reis.

A Orquestra-Jazz União, essa desapareceu para sempre o que contribuiu para reduzir o valor dessas animadas noites.


Aqui ficam os nomes de alguns elementos que fizeram parte da Orquestra- Jazz Sport mais tarde Orquestra- Jazz Albardófila:

Bernardino José de Oliveira
João Oliveira
Irmãos José e Augusto de Sousa
Manuel da Silva Almeida
Américo Clemente Ferreira
Alberto Teixeira
Alberto Vieira
Sargento Francisco da Costa Chicória
Sargento José de Matos
José Teixeira Estrela
José Augusto Baptista
Antero Nogueira
António Ribeiro
Joaquim Moreira
Alberto Silveira
António Melo
Albano Moreira da Silva
Jorge Saraiva
António Mário Pinto da Costa
José Martins
António Soares dos Reis
João de Carvalho Moreira
Gregório de Freitas Nunes
Sargento António da Rocha
Alberto Oliveira
Joaquim Rocha Leal
Miguel Pinto Leal
Sargento Costa Pinto 

Todas estas coisas, não passam de lembranças de um tempo em que a rivalidade desportiva entre o Sport e o União, dois grupos desportivos que existiam em Penafiel, se estendia à música para alegria dos penafidelenses, nas noites de Ano-Novo e Reis.

11 janeiro 2015

SÉRGIO BORGES E O CONJUNTO JOÃO PAULO



SÉRGIO BORGES
E O CONJUNTO JOÃO PAULO


Sérgio Justo Camacho Borges nasceu na cidade do Funchal, na Madeira, em 18 de outubro de 1943. 

Em 1964 foi um dos fundadores do Conjunto Académico João Paulo.

Membros: João Paulo (teclas), Rui Brazão, (guitarra ritmo), Ângelo Moura (baixo), José Gualberto (bateria), Carlos Alberto (guitarra, autor da maioria dos inéditos do grupo) e Sérgio Borges (vocalista e autor.) Em 1970 entram para o grupo os ex-Quinteto+2 Adrien (bateria) e Zé Manel (saxofone).

O Conjunto Académico João Paulo iniciou as suas actividades em 1964 no Liceu Jaime Moniz, na Ilha da Madeira. 


O vocalista do grupo, Sérgio Borges, participa em 1966 no Festival RTP da Canção com o tema "Eu nunca direi Adeus", classificando-se em 2º lugar, atrás de Madalena Iglésias, que ganhou essa edição com a música "Ele e Ela". O tema é editado num disco do Conjunto Académico João Paulo que inclui também uma versão de "Ele e Ela".

Quatro anos mais tarde, em 1970, Sérgio Borges acaba mesmo por vencer o Festival RTP da Canção, sendo o primeiro madeirense a conseguir tal feito, com a canção "Onde Vais Rio Que Eu Canto", da autoria de Nóbrega e Sousa e Joaquim Pedro Gonçalves, venceu o VII Grande Prémio da Canção, realizado em 22 de Maio de 1970 mas o tema não participou no Festival da Eurovisão realizado no mês anterior. Em Setembro de 1969, Portugal anunciara a intenção de não participar no Festival da Eurovisão em demonstração de protesto contra o sistema de votação vigente, e participa na edição desse ano do Festival Yamaha, em Tóquio.



Foi editado em EP que incluía versões de dois dos temas concorrentes ao Festival RTP da Canção desse ano: "A Voz do Chão" de Rute e "Velho Sonho"de Artur Rodrigues. Com "Onde Vais Rio Que Eu Canto".


Novo single com versões de "Canção de Madrugar" e "Corre Nina", dois dos temas mais marcantes do Festival da Canção desse ano.

Consequência ou coincidência, o grupo passa a denominar-se Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo. 
Após o cumprimento do Serviço Militar, a banda voltará em 1970 a gravar.

Entretanto, Rui Brazão saiu para continuar os estudos e José Gualberto regressou ao Funchal para tomar conta de negócios. Entraram para os substituir, José Manuel (saxofone) e Adrien (bateria), ex-elementos do Quinteto Académico.

 
Lançam um EP com os temas "Nascer" (Birth), "Champs Elysées", "O Salto" e "A Uma Gina".
 


Em 1970 é lançado no mercado discográfico um LP, com as canções:




Novo EP com os temas "Lavrador" (adaptação do tema "Aguarela Portuguesa" de Zeca do Rock), "Serei um Dia o Mar", "Estrada Branca" e "Paúl da Serra". 



É editado o single "Meu Corpo E Minha Seiva", com "God Of Negroes" no lado B. 


O último disco do grupo, editado em 1972, foi um single com os temas "Meu Pão, Casa, Pedra, Fome" e "Pearls In Her Hair". 

Em finais da década de 70, a banda cessa actividades.

Durante vários anos Sérgio Borges actuou no Casino da Madeira.

Em 1986 participou no Festival RTP da Canção desse ano com a canção "Quebrar A Distância" com música de Paulo Ferraz e letra da sua autoria.


Em 2004 lançou o CD "40 Anos a Cantar". Um disco com todos os seus êxitos e mais cinco temas novos.

Em 2005 foi um dos nomes homenageados com o Galardão da Cultura atribuído pelo Governo Regional da Madeira.

A 17 de Dezembro de 2011, com 68 anos, Sérgio Borges morreu no Funchal. 

Para recordar este grande cantor português, vamos recuar ao ano de 1970, e ouvirmos “Onde vais rio que eu canto”.








- Bom domingo!