31 março 2015

D. MARIA TERESA E O PATRONATO DA SAGRADA FAMÍLIA



D. MARIA TERESA
E O PATRONATO DA SAGRADA FAMÍLIA



D. Maria Teresa Pereira da Silva Correia Vasconcelos, nasceu a 11 de Fevereiro de 1890, na cidade de Penafiel, aí falecendo no dia 13 de Julho de 1982, na sua casa na Av. Sacadura Cabral N.º 22.

Nesta casa começou a ser distribuída a Sopa a seis crianças pobre, no dia 3 de Maio de 1943, em virtude da Casa da Sagrada Família andar em obras. Desde esse dia, até ao dia 31 de Dezembro desse mesmo ano, foram distribuídas 11.571 Sopas, sendo no ano seguinte distribuídas 30. 707 Sopas.

Assim por exemplo em 1956, frequentaram o patronato, 30 internas, 30 semi-internas e 97 externas, sendo distribuídas cerca de 80.000 Sopas.

Muitas das internas recebem instrução fazendo a 4.ª classe. Também têm frequentado a instrução secundária, na Escola Industrial da cidade, sendo em número de 4 no ano lectivo de 1965.66.

Várias ainda recebem aprendizagem prática, registando-se em 1965, 6 na secção de costura, 6 na de confecção, 5 na de bordados. O serviço de tecelagem reuniu também sempre bom número de aprendizes. Também têm ensinamentos de serviços domésticos e agrícolas.


CARRO DA SAGRADA FAMÍLIA NA PARADA AGRÍCOLA EM 1963

Efectivamente tecem-se peças de linho, preparam-se tapetes, mantas, cobertores, reposteiros, estofos e confeccionam-se enxovais, bordados a ponto de cruz, rendas e malhas. De todos estes artefactos aceitavam-se encomendas.

O Patronato da Sagrada Família de Penafiel, propõe-se além de outras actividades, distribuir a Sopa aos Pobres, realizar o resgate de raparigas extraviadas e promover a educação e instrução destas menores pobres.

Esta obra começa a ser conhecida por todo o Portugal, e as suas instalações começam a tornarem-se pequenas. Sim, porque esta instituição não é apenas de carácter local ou regional, mas sim de projecção nacional.

Nos últimos anos, o edifício, em que se encontra instalado o Patronato, mostrou-se claramente insuficiente e desadaptado para as necessidades e exigências que, em ritmo crescente, se multiplicam. À porta da Casa batem, efectivamente muitos que precisam de ser atendidos. Esta foi a razão imperiosa que obrigou a Direcção a empregar todos os esforços no sentido de obter novas instalações, que marcarão indubitavelmente o início duma nova época assistencial.


Assim, no dia 5 de Setembro de 1966, iniciararam-se as obras duma magnífica habitação ampliando a Sede primitiva, comportando salas de estudo e de trabalho, amplos dormitórios, lavabos e sanitários, cozinha, sala de jantar, gabinete da Direcção, salão de festas e outros aposentos, incluindo arrecadações, oferecendo as melhores condições de higiéne, saúde e conforto, tendo capacidade para 50 crianças internas. 


D. Maria Teresa, desloca-se a Lisboa e consegue assegurar a comparticipação de 75% do custo da obra, ou seja 2.100.000$00,  suportada em partes iguais pelo Ministério das Obras Públicas, Ministério da Saúde e Assistència e Fundaçào Calouste Gulbenkian. 

Os restantes 25% correspondendo ao montante de 700 contos ficam a cargo do Patronato, o que, como é óbvio, excede em muito os seus magros recursos financeiros. 

D. Maria Teresa, lança uma campanha para angariação de fundos, para que o sonho se torne realidade.

1967 - PATRONATO EM CONSTRUÇÃO

Desde o sorteio de uma linda toalha de mesa em linho, cujos bilhetes foram colocados à venda nas casas comerciais da cidade, peditórios em todas as freguesias do concelho, programas de variedades realizadas no Cine-Teatro S. Martinho, cujas receitas se destinavam às obras do patronato e cortejos de oferendas. 

Dona Maria Teresa recebendo a Comenda

Tão relevante se tornou a sua benemerente actividade, que sua Ex.ª o Chefe de Estado, a 28 de Outubro de 1966, a agraciou conferindo-lhe a Comenda da Ordem de Benemerência, que, em acto memorável, lhe foi entregue nos Paços do Governador Civil do Porto, pelo senhor Governador Dr. Jorge da Fonseca Jorge, no dia 27 de Janeiro de 1967.


Desde 1968, que esta construção da ampliação do Patronato da Sagrada Família se impõe ao local num arranjo urbanístico que muito beneficiou a Rua Direita e o largo perto da Igreja Matriz.  

29 março 2015

TRABALHADORES DO COMÉRCIO



TRABALHADORES DO COMÉRCIO


Esta banda portuense, nasceu no ano de 1979, e era formada por Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Luís Médicis sobrinho de Sérgio Castro que tinha apenas 7 anos.

Era característica deste grupo, cantar em português com sotaque à moda do Porto, com letras com um certo humor.


1980 – No mês de Julho, editam o single de estreia "Lima 5" que incluía no lado B o tema "Que Me Di­zes au Cuncurso". Estava já encontrada a per­sonalidade identificadora do grupo, baseada num hilariante bom humor e numa constante paródia ao sotaque portuense. 


Em Novembro desse mesmo ano lançam o segundo single, "A Cançom Quiu Abô Minsinoue" pelo selo independente Gira.



1981 - Em Abril, o grupo dá um salto a Londres para efectuar algumas gravações para o primei­ro álbum. Um acordo discográfico com a Poly­Gram celebrado no mês de Junho,leva-os a editar nesta multinacional o álbum de estreia "Tripas à Moda do Porto", antecedido pela publicação do single "Cha­mem a Polícia". 


1982 – Editam pela Polygram o álbum "NaBra­za". O disco é apontado por alguns como demasiadamente elaborado para o que se esperava do grupo. O insucesso do disco, a difícil fase escolar de João Luís (en­tão com 10 anos)  conduziu a uma pausa por tempo indeterminado na carrei­ra do grupo.


Em Março de 1986, a convite do Centro Regional do Norte da RTP, Sérgio Castro deita a mão a um tema nunca editado dos Arte & Oficio, grupo entretanto extinto, e transforma-o numa canção candidata ao Festival RTP da Canção. Com os "Tigres de Bengala" concorrem, ficando em segundo lugar.

 


1986 - Mais Um Membro P'ra Europa (LP, TDB). 

Sérgio Castro, que entretanto se mudara para Vigo (Galiza), onde se dedica à produção de grupos no seu próprio estúdio Planta Sónica, reagrupa a banda e grava "Mais Um Membro Para A Europa" [uma edição Tigres de Bengala] que inclui uma versão dum tema de Adamo, a que os Trabalhadores do Comércio deram o nome de "Molharei La Farture Dans Ta Tasse Chaude".



1990 - Depois de uma paragem de 4 anos o grupo volta a ressurgir, com João Luís Médicis já contando 17 anos e tocando baixo, e grava o disco "Sermões A Todo O Rebanho" que inclui os temas "Aim Beck USA", "Omo Sexual", "O Boto Útil (com Essa Nos Bais Fadando)", "Quem Toca Assim Num É Manco" (um solo de bateria de Azevedo) e uma versão de "Sex and Drugs and Rock'N' Roll" de Ian Dury justamente intitulada "Fado, Sexo e Vacalhau".


1996 - Novamente o humor a ser a imagem de marca dos Trabalhadores do Comércio, que veriam editado, um CD-Duplo intitulado "O Milhor Dos Trabalhadores Do Comércio", que inclui um "Bónus Traque" de uma gravação renovada de "Chamem A Pulíssia".


2007 - Surge "Iblussom" ("evolução" com pronúncia do norte), que apresenta 13 temas originais gravados ao longo de 2006 entre Vigo e Matosinhos.

Entre o rock, os blues, o reggae e a pop ligeira, o álbum integra, por exemplo, "Binde ber istu", um dos temas mais antigos do alinhamento, "200 kilus d`amôre", "Lucinda" e o tema que dá nome ao álbum, com a participação de Rui Veloso.


2011 – Gravam “Das Turmentas Hà Boua Isperansa” , explorando a sua reconhecida versatilidade musical, os Trabalhadores demonstram neste disco a sua habitual exigência ao nível da composição, do arranjo, da execução musical e da produção, sendo notável a evolução observável entre Iblussom (2007) e este último trabalho. A ecléctica mistura de músicos que contribuem para este disco tornam-no musicalmente rico e variado, fazendo o ouvinte passear-se ente o o Rock Sinfónico de Hino à Desanexassom, o Reggae de A Rebulussom, a Morna de A Cansom Quiu Abô Minsinoue, e a Electrónica de Fantuxada Mix, tudo isto entermeado por Soul, Rhythm’n’Blues e, claro, muito Rock. 

Como habitualmente, o conteúdo lírico deste disco apresenta-se como altamente crítico, desinibido, e de enorme relevância actual, recheado do humor e sarcasmo que caracterizam os Trabalhadores do Comércio.

Como as coisas neste país, não andam muito famosas, vamos seguir o conselho dos Trabalhadores do Comércio...







- Bom domingo!

25 março 2015

A FUNDAÇÂO DO PATRONATO DA SAGRADA FAMÍLIA



A FUNDAÇÂO DO PATRONATO
DA SAGRADA FAMÍLIA

Painel existente à porta da Sagrada Família

O Patronato da Sagrada Família, situado na Rua Direita N.º 87, na cidade de Penafiel, nasceu a 3 de Maio de 1943.

A fundação desta casa, foi com a finalidade de resgate das menores extraviadas, mas deveria abranger necessidades mais vastas da sociedade.

Germinara do fervor apostólico do ardoroso Jesuíta Padre Mariano Pinho e de D. Sílvia Cardoso, dois grandes Apóstolos, num retiro feito na então existente Casa de Retiros da Quintela, na freguesia de Guilhufe, deste concelho. 

D. Margarida Pinto Lopes de Amorim e D. Maria do Carmo Pinto Lopes de Amorim, maiores, solteiras, proprietárias, residentes na rua de Entre-os-Rios, freguesia de Eja, D. Laurinda Pinto Lopes de Amorim, viúva, proprietária, residente no lugar da Igreja, da freguesia de S. Miguel de Paredes e a prima destas D. Maria Teresa Pereira da Silva Correia de Vasconcelos, solteira, proprietária e moradora na Avenida Sacadura Cabral, n.° 22 desta cidade, comungando nessa mesma ideia de apostolado social, resolveram comprar edifício para assim poderem dar corpo à prestimosa iniciativa. 


Hesitou-se, ao princípio, entre o local da Tapada Sá Pereira à entrada da cidade e o actual edifício de rés-do-chão e dois andares com um pequeno quintal sito na Rua Direita, n.° 87 desta cidade. Por fim, as três irmãs Amorim já referidas adquiriram em seu nome este último imobiliário a Abílio de Queirós Magalhães e Meneses, viúvo, funcionário público e proprietário, morador na Quinta das Quintans, freguesia de Lodares, concelho de Lousada, por escritura de compra lavrada no Cartório Notarial de Penafiel, a fls. 11 do Livro n.° 79 A) no dia dez de Dezembro de 1942 pelo preço de vinte e cinco mil escudos, tendo por dificuldades havidas em fechar o contrato sido paga a mais a quantia de quinhentos escudos sobre o montante inicial. A sisa foi paga nesse mesmo dia da escritura, na Tesouraria das Finanças Públicas e registada a compra no dia quinze imediato na Conservatória do Registo Predial da cidade.

Iniciaram-se obras no edifício adquirido, porque sem as necessárias adaptações e arranjos nada se poderia realizar no sentido da protecção e recolhimento da rapariga extraviada. D. Maria Teresa, absorvida por outros interesses, não contava em colaborar.



A Primeira Sopa para Crianças Pobres

No dia três de Maio de 1943, sob a protecção da Sagrada Família foi inaugurada, a sopa para crianças pobres dos dois sexos. Tendo, a Ex.ma Senhora D. Sílvia Cardoso verificado o abandono em que viviam as crianças pobres dos bairros desta cidade, pensou organizar uma campanha de protecção às mesmas crianças e, para isso, com a ajuda das Ex.mas famílias Amorim, de Entre-os-Rios e Vasconcelos, de Penafiel, pensou começar pela sopa. Convidou a Ex.ma Senhora D. Maria Teresa Vasconcelos, senhora que já trabalhava na Obra do Resgate de Menores Extraviadas a fim desta senhora tornar à sua responsabilidade o fazer a distribuição da sopa, visto a Snr.a D. Sílvia ter a sua actividade presa a obras sociais e de apostolado na cidade de Lisboa.

Instava D. Sílvia Cardoso, convidando-a a preparar a Primeira Sopa para a Festa da Santa Cruz, dia 3 de Maio de 1943, às 18,30 horas. Regressou de Lisboa e veio perguntar se estava tudo pronto mas D. Maria Teresa não tinha nada feito, o que causou àquela natural arrelia. Uma hora depois volta a aparecer com uma saca de cenouras, batatas, cebolas, hortaliças, com o fim de confeccionar a sopa na cozinha da casa de D. Maria Teresa na Avenida Sacadura Cabral, n.° 22. 

Compraram-se para o efeito, seis tigelas e seis colheres.

Prédio onde foi servida a primeira sopa.
 
Veio o Digníssimo Coadjutor do Pároco de Penafiel benzer a Primeira Sopa, distribuída a seis crianças pobres em honra das Chagas de Nosso Senhor, celebradas nesse dia de Santa Cruz, a três de Maio de 1943. 

D. Maria Teresa ofereceu-se apenas para assistir à sua distribuição. Na cozinha do seu Palacete, durante cerca de um mês, continuou a ser confeccionada a sopa subindo o número de crianças, que dela se alimentavam, para perto de trinta. Como as obras andassem em curso, trouxeram-se duas pedras, adaptaram-se em cima dois ferritos para segurar a panela, ateou-se a fogueira. Principiou desta maneira primitiva, quase pré-histórica, a cozinhar-se a Sopa no edifício do Patronato da Sagrada Família. Ao fim de três meses aproximadamente as obras de adaptação terminaram e passou-se para a cozinha própria. O número de refeições distribuídas aumentava. Como fizesse falta um panelão, formulou-se o pedido para que Deus tocasse o coração de alguém no sentido de oferecer o necessário utensílio de cozinha e mais outros auxílios urgentes. Então a Casa se persuadiria de que a obra era de Deus e haveria coragem para prosseguir. Deus, a Suma Caridade, velava pela obra nascente. No dia seguinte, apareceu à porta um carro de bois carregado com um panelão de 70 litros, três tachos, uma panela, três dúzias de pratos sopeiros, três dúzias de pratos ladeiros, chávenas de café e de chá, copos, cálices, canecas, uma dúzia de lençóis, dezoito cobertores, uma dúzia de travesseiros, toalhas de mesa, toalhas de rosto, duas colheres grandes de cozinha, garfos, facas... Enfim tudo o que se requeria para uma casa. 

A resposta da Providência impressionou e causou mesmo grande emoção. Passado cerca de um mês servia-se já alimento ao meio-dia e à noite. Com o avolumar-se das canseiras incipientes, as pessoas responsáveis tinham de abdicar de outros afazeres para se devotarem a este encargo social de mérito. 


As primeiras cinco raparigas que entraram para internas

1.ª - Maria Clorinda Sousa, natural de Penafiel, 25 anos de idade. No dia dezanove de Março de 1943, já noite cerrada, veio bater à porta da Casa da Sagrada Família, ainda em obras, a Sr.a D. Arminda Mendes que se fazia acompanhar pela pobre Maria Clorinda Sousa. Esta rapariga, uma atrasada mental, era maltratada pela mãe que a espancava e nesse dia a tinha expulsado de casa. A rapariga que se encontrava bastante doente e cheia de fome, dormiu na rua por não ter onde se refugiar. Foi nessa ocasião que as portas desta Casa se abriram para receber a primeira protegida, em dia de S. José. 

2.ª - Na última semana de Abril de 1943 ficou internada nesta casa a menor Maria de Fátima.

3.ª - No mês de Maio de 1943 foi trazida a menor Henriqueta
.
4.ª – No mesmo mês de Maio de 1943, veio para esta casa a menor de 19 anos Maria da Glória
.
5.ª - No mês de Junho de 1943 foi trazida por sua mãe a esta casa, a menor de 16 anos Ana Sousa.

E assim se iniciou a Casa de Trabalho da Sagrada Família em Penafiel, também conhecida por Patronato da Sagrada Família.