22 dezembro 2017

O PRESÉPIO

O PRESÉPIO

Ano 2000 - Presépio da Igreja da Misericórdia.

Cá em casa nesta quadra natalícia sempre se apostou mais no presépio que no pinheirinho.

Um dia o meu Pai Natal, resolveu fazer um presépio que entrou no livro do Guinness familiar.



Com a sua paciência e habilidade resolveu construir num recanto da sala de jantar, um Presépio que ia desde o soalho ao tecto. 

Ano 1966 - Presépio da Escola Industrial de Penafiel
 


Encastelou caixotes, pregou tábuas que depois cobriu com papel sarapintando-o com cal a fingir pedra.



Depois colocou-se musgo que tínhamos ido apanhar nos muros que cercam o nosso quintal, e por fim foi buscar serrim à serração para marcar os caminhos no presépio.



No topo era colocada a estrela que havia de guiar os Reis Magos e a cabana do Menino Jesus deitado nas palhinhas, ladeado pelos seus pais José e Maria.



Casinhas e figurantes em barros eram espalhados fazendo lembrar uma pequena povoação.

Ano 1971 - Escola Paio Ramires do Ciclo Preparatório



Cá em baixo eram colocados os três Reis Magos montados nos seus camelos, que nós pequenos, todos os dias os colocávamos mais perto do Menino Jesus, até que se encontravam no dia 6 de Janeiro, por isso mesmo chamado Dia de Reis e presenteavam com ouro, incenso e mirra o Salvador do Mundo.

2017 - topo do chafariz da Ajuda

Hoje, embora em tamanho o presépio cá de casa, não passe de uma miniatura do de antigamente, o espírito de Natal permanece nos nossos corações, mas quando me sento à mesa e vejo que nela faltam pessoas que me eram muito queridas, apenas me resta uma certeza:

Enquanto um de nós for vivo elas estarão sempre presentes. 

2017 - Igreja de N. S. da Ajuda



Quer acreditem ou não, é este o espírito natalício cá em casa, que não será muito diferente das outras, quer tenham mais ou menos lâmpadas a ascenderem e a apagarem os sonhos da nossa vida.




2017 - Largo da Ajuda sem carros



Do fundo do coração, desejo a todos vós um Santo e Feliz Natal e um Bom Ano 2018.

13 dezembro 2017

BATE PAPO COM PRIETO

BATE PAPO COM 
PRIETO




Hoje andei para aqui numas arrumações e fui encontrar uma revista (já com a capa rota), que fala sobre a Briosa, e tem o nome de “Revista Académica” número 4 de 1970. Na capa ainda se pode ler: PRIMEIRA REVISTA DESPORTIVA QUINZENAL DO PAÍS.

Acontece que nas páginas centrais da mesma traz uma grande entrevista com o nosso amigo e saudoso Prieto, em jeito de bate papo.



Todos se devem lembrar que a ida do Prieto do Futebol Clube de Penafiel para a Académica de Coimbra se deveu ao excelente jogo por ele realizado contra a Briosa na festa da despedida do Amândio Barata como jogador, em que os penafidelenses venceram por 2 bolas a 1.



No final do jogo tendo por intermediário o Dr. Brandão, tudo se conjugou para que Prieto na época seguinte fosse jogador da Briosa.



Nesse tempo os jogadores da Académica eram ao mesmo tempo estudantes, e todos eles procuravam tirar o seu curso enquanto jogavam à bola.



A entrevista é longa, pelo que a mesma vai ser publicada digitalizada, mas penso que é bom lembrar um colega de escola, que foi também jogador do F. C. de Penafiel, no tempo em que a vida era para nós um sonho.

Clicar nas imagens



10 dezembro 2017

O CANÁRIO E O AMOR À CAMISOLA

O CANÁRIO

E O AMOR À CAMISOLA



Em tempos idos, na cidade de Penafiel existiam dois clubes de futebol e ambos tinham a sua orquestra.



Evidentemente que estes craques do antigamente, em que o futebol era verdadeiramente desportivo, que se suava a camisola e ainda por cima se levava para casa as camisolas, calções, meias para lavar e pontear, e as botas para engraxar ou concertarem às suas custas, devem de encher de risos Ronaldo, Messi & C.ª Lda., do nosso tempo.

 Orquestra- Jazz Albardófila do Sport. 


Todos os atletas eram amadores, tendo a sua profissão de ganha-pão e nas horas vagas davam dois chutos na bola e muitos deles ainda faziam parte da respectiva tuna musical do clube a que pertenciam tocando algum instrumento, mostrando o seu bairrismo, o gosto e a beleza de sentimentos, em suma o amor à camisola.



A figura que hoje vou falar é sobre o guarda-redes do Sport de cognome o Canário.

Bernardino com Soares dos Reis. Foto que me foi oferecida pelo meu amigo Neca Reis.




O Bernardino que era este o seu verdadeiro nome, teve a difícil tarefa de ir substituir debaixo dos postes Soares dos Reis que entretanto tinha ido para o Leça e mais tarde veio a ser guarda-redes do F. C. do Porto e da Selecção Portuguesa de Futebol, tal era a sua categoria.



Na altura o Bernardino morava naquelas casas que arderam no correr do Largo da Misericórdia, hoje Padre Américo.



À segunda-feira o equipamento todo amarelado, era dependurado ao sol, e quem passava no Largo ia dizendo e apontando que lá estava o equipamento do Canário a secar, para no próximo domingo entrar em campo equipado de amarelo.



Nesses tempos ainda não havia televisão e a rádio não estava vulgarizada, pelo que quem gostasse da bola, tinha mesmo que marcar presença no campo, e assistir aos desafios.



A estreia é sempre um jogo que marca qualquer atleta, seja de que modalidade for, e como tal aqui fica o relato do primeiro jogo do Bernardino na baliza do Sport Club de Penafiel.



Foi no domingo, 30 de Setembro de 1929, que se realizou na Vila da Lixa, o desafio entre o Foot-Ball Club da Lixa e o Sport Club de Penafiel.



A vitória sorriu ao Sport Clube de Penafiel, que deu uma cabazada de 6 bolas a 1.



Durante os 90 minutos, o Sport impôs o seu jogo habitual, marcando logo no início dois golos por intermédio de Gervásio, tendo o Club da Lixa reduzido ainda na primeira parte, para 2 – 1, resultado com que as equipas foram para o intervalo. 
 

Quando se previa uma segunda parte renhida, o Sport esmagou por completo qualquer aspiração dos locais, apontando mais quatro golos todos eles da autoria do seu avançado Lopes.



Neste jogo o Sport apresentou um elemento novo, Bernardino, que mostrou possuir qualidades para vir a ser um bom guarda-redes. Assim relatava o  jornal local "O Povo de Penafiel", de 6 de Outubro de 1929.





De exibição em exibição, foi cimentando nos sócios do Sport, a convicção que quando o Canário jogava, havia grandes possibilidades de saber quem ganhava mesmo antes do jogo se realizar, mas por vezes nem sempre se cumpria tal profecia.



Quando foi assediado para deixar o Sport rumo ao Académico do Porto, seu pai chamou-o e depois de uma longa conversa lá o convenceu que o Sport Club de Penafiel, era o melhor clube do mundo.



Não enriqueceu com a bola, mas para a catraiada que o admirava atrás da baliza, trouxe um inesquecível contentamento, e nela deixou o traço indelével da saudade.



Cada vez são menos, até porque a lei da vida também os tem ceifando, mas ainda hoje há quem me fale do Canário, quando por mim cruzam nas ruas desta cidade.




03 dezembro 2017

A COR E O BRILHO

A COR E O BRILHO


Situado nas traseiras da Igreja da Misericórdia, logo no início da Praça Municipal, vemos a Capela do Senhor dos Passos com a porta da mesma trabalhada em ferro forjado, com símbolos que retratam o calvário de Jesus Cristo à cruz.

Por cimo da mesma existia um nicho com uma Nossa Senhora com as mãos erguidas ao céu, pedindo a Deus por nós, pobres pecadores. 

 
Acontece que a Igreja da Misericórdia está a sofrer obras de restauro e conservação, e qual não é o meu espanto, quando os tapamentos que tapavam as obras da respectiva capela foram retirados, verificar que o nicho possuía mais cor, mas faltava-lhe o brilho de uma santa.



Faço votos que a santinha volte ao seu trono, para com o seu brilho dar mais cor ao nicho, e do alto dê a sua bênção a quem por lá passa.

Aguardemos... pois como diz o nosso povo, a “Fé” é a última coisa a morrer.