15 fevereiro 2018

REUNIÃO HISTÓRICA

REUNIÃO HISTÓRICA PARA
A FUSÃO DAS CONFRARIAS DA
PIEDADE COM A DOS PASSOS



Aos vinte e dois dias, do mês de Abril do ano de mil oitocentos e oitenta e cinco, pelas treze horas e trinta minutos, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Penafiel, teve lugar uma reunião para a fusão das duas confrarias, estando presentes os srs. José Maria Pinto e Domingos José Vilela, respectivos juízes das confrarias da Piedade e dos Passos.

Manuel Pedro Guedes

Pelo sr. Domingos José Vilela foi proposto, e unanimemente aprovado, para presidente da mesa o sr. Manuel Pedro Guedes (na altura Presidente da Câmara), que, também o qual assumindo a presidência propôs para secretários os srs. José Maria Pinto e Domingos José Vilela o que também foi aprovado pela assembleia.

No uso da palavra, Manuel Pedro Guedes, referindo-se, a largos traços, aos melhoramentos levados a cabo pelas vereaçãos que procederam a actual gerência da Câmara, há seis anos a esta parte, disse que, se muito se tem feito muito mais havia para fazer, referindo-se ao edifício do quartel louvando o sr. ex-presidente da Câmara Vitorino Barbosa da Costa Guimarães, que estava presente, e que tinha o seu nome vinculado àquele e outros melhoramentos locais.


Passando em seguida a tratar do assunto da reunião disse, que tendo, para construir a Praça do Mercado (infelizmente hoje já não existe), de demolir duas capelas, tivera de recorrer ao ex.mo cardeal, e que concebera então a ideia da fusão das duas confrarias para levar por diante o projecto da fundação de uma igreja da qual mandara, à sua custa, levantar uma planta, que apresentou e ofereceu às duas confrarias.


Continuando disse que era grandioso o projecto, mas que, esperava o coadjuvariam para o levar a efeito e para o que ele envidaria todos os esforços.

Em seguida convidou a assembleia a ver a planta que se achava sobre a mesa.


O sr. Domingos José Vilela, pedindo a palavra disse que como juiz da confraria do Senhor dos Passos, lhe cumpria agradecer cordialmente em nome da mesma o precioso donativo que sua excelência o sr. Manuel Pedro Guedes acaba de fazer, e que a este agradecimento se associava o juiz da confraria da Nossa Senhora da Piedade, ali presente o sr. José Maria Pinto.


Pediu em seguida a palavra o sr. Adolfo Miranda e disse que o oferecimento que acabava de fazer o ex.mo Manuel Pedro Guedes, da planta, constituía para sua ex. um padrão lapidado referindo que por isso e pelo valor intrínseco e estimativo da dita planta, que ouvira era de réis 200$000 propunha que ficasse exarado na acta o seu custo.

O sr. Presidente Manuel Pedro Guedes, usando de novo da palavra pediu para que o sr. Miranda retirasse o seu requerimento e disse que o fim daquela reunião era a junção das duas confrarias e a nomeação de uma comissão para confeccionar os estatutos que mais tarde sejam apresentados numa nova reunião.

O sr. Vitorino Barboza da Costa Guimarães, pedindo a palavra para fazerem parte da comissão encarregada de elaborar os estatutos da nova confraria, os srs. Manuel Pedro Guedes, Domingos Vilela e José Maria Pinto, sendo aprovado por unanimidade.


Pediu de novo a palavra o sr. Adolfo Miranda e disse que instava, e com isso concordava uma pessoa que estava perto dele, para que na acta fosse consignado o custo da planta a que já se tinha referido, ao que o sr. Presidente respondeu que na acta se consignaria a oferta da planta sem a designação do seu valor.

Logo depois foi tomada nota dos irmãos presentes a fim de assinarem os respectivos termos para em seguida subirem à aprovação superior.

Por fim o sr. Vilela informou que aquela planta ficava patente ao exame do público naquela sala durante quinze dias, podendo ser vista das nove horas da manhã até ás três da tarde.


Foi a partir desta reunião de 22 de Abril de 1885, que terminou por volta das quinze horas, que as confrarias da Piedade e dos Passos, se fundiram, e passaram a designar, Confraria Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos.