05 abril 2018

1.º CONTINGENTE DE TROPAS PARA A GUINÉ

1.º CONTINGENTE DE

TROPAS PARA A GUINÉ

SAÍDO DO R.A.L. 5



No mês de Janeiro de 1963, o PAIGC inicia a luta armada na Guiné, e no dia 31 de Março desse mesmo ano , se despede de Penafiel um contingente rumo a essa província ultramarina.

Guerrilheiros do PAIGC com o seu fundador ao centro de óculos Amílcar Cabral


A cerimónia de despedida destas tropas começou pelas 10 horas na Igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa, estando presentes as mais variadas individualidades do nosso meio, entre as quais:

Coronel Alfredo Fontes, Presidente da Câmara, Major Santiago Cardoso, Comandante interino do R.A.L. 5, Dr. Aurélio Tavares, Director da Escola Industrial, Dr. Joaquim da Rocha Reis, Director Clínico do Hospital da Misericórdia de Penafiel, Dr. Vito Carvalho, Subdelegado de Saúde, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Professor Joaquim José Mendes, Presidente da Comissão Municipal de Cultura, Professor Rocha Nunes, Delegado Escolar e Senhoras do Movimento Nacional Feminino.

Igreja Matriz - Penafiel

A missa foi celebrada pelo Reverendo Capelão Padre Franco, que à homilia exultou os soldados que iam partir em missão de soberania a saberem cumprir com os seus deveres de bons soldados e bons portugueses.

A entrega dos Guiões, foi feita pelo Major Trancoso da Pesada 2, que teve palavras de agradecimento para as individualidades presentes, e dirigindo-se aos soldados disse a certa altura: “Ides para outras terras, ver gentes de outras cores, mas que são portugueses como nós. É preciso chamá-los à razão, que é a razão de Portugal.”

Ao terminar em voz comovida e com patriotismo, afirmou que aqueles que vão agora fazer o render de guarda, quando regressarem também poderão dizer como tantos outros: “Dever cumprido.”



Em seguida teve lugar um desfile pelas ruas da cidade, e junto ao Monumento aos Morto da Grande Guerra, as duas companhias, acompanhadas da Fanfarra prestaram honras militares e os capitães Srs. Gagliardini Graça e José Faria Pires Correia, depuseram um ramo de cravos.

O embarque para Lisboa registou-se pelas 20,15 horas na estação de Caminho de Ferro de Penafiel, em comboio especial.



Penafiel habituou-se a ver partir do seu quartel, companhias para a Guerra Colonial.

Estes dias eram naturalmente tristes para os penafidelenses e não só, já que muitos familiares, namoradas e amigos dos soldados, se vinham despedir deles, e com lágrimas a rolarem pelos rostos se abraçavam e beijavam, sem saberem se o fariam pela última vez.

E lá se partia com a esperança que tudo ia correr bem, num adeus, até ao meu regresso.

Última bandeira portuguesa arriada em Angola pelo exército português no dia 10 de Novembro de 1975

Quem teve de ir para a guerra, é que sabe o quanto estas coisas custavam, e se pensam que ela terminou com o 25 de Abril de 1974, enganam-se, ela piorou e de que maneira até ao dia da independência da ex- colónia, eu falo por experiência própria de Angola.